Jornal Estado de Minas

Oposição pressiona governistas para indicarem nomes para a CPI Mista da Petrobras

Aliados do Planalto admitem convocar Paulo Roberto Costa para depor na CPI do Senado e esvaziar os trabalhos da Comissão Mista do Congresso

Étore Medeiros Paulo de Tarso Lyra
Deputados e senadores exibiram em uma tela a relação dos parlamentares já indicados para o colegiado - Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo

Brasília –
No dia em que terminou o prazo para a indicação, pelos líderes partidários, dos nomes para integrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)  Mista da Petrobras, governo e oposição seguem em pé de guerra. Partidos adversários do Planalto cobraram a demora da base em apresentar os nomes. Aliados do Planalto admitem convocar Paulo Roberto Costa para depor na CPI do Senado e esvaziar os trabalhos da Comissão Mista. Nos bastidores, o diretor corporativo e de serviços da Petrobras, José Eduardo Dutra, afina o discurso de atuais e ex-executivos da estatal para amenizar os estragos.

Como não houve manifestação das lideranças da base governista sobre os integrantes da CPI Mista, cabe agora ao presidente do Congresso, Renan Calheiros, indicar os participantes. A expectativa é que a comissão de deputados e senadores seja instalada na terça-feira. A oposição ameaçou fazê-lo hoje, uma vez que, regimentalmente, já foi ultrapassado o mínimo de 17 das 32 indicações para que a comissão comece a funcionar.

Com o risco de não contar com o apoio de todos os integrantes do colegiado, no entanto, os oposicionistas preferiram esperar pelo fim do prazo para indicações por Renan.
“Eu não posso garantir é que, mesmo havendo 19 indicações, 17 deputados e senadores compareçam a uma reunião. Na terça-feira inexoravelmente teremos os 32 nomes”, explicou o senador José Agripino (DEM-RN).

No início da tarde de ontem, deputados e senadores da oposição exibiram, em um telão instalado no Salão Verde da Câmara, a relação dos parlamentares já indicados para a CPI Mista, e cobraram dos partidos da base governista que apontem os nomes que ainda faltam. A iniciativa é “para que o povo saiba os partidos que estão inviabilizando a comissão para investigar a Petrobras”, explicou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), garante que “a CPI Mista vai acontecer, assim como a do Senado está acontecendo”. A estratégia, contudo, é chamar o máximo de depoentes possível – incluindo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – para falar antes à CPI do Senado, blindada pelos governista, e desidratar a outra comissão, que conta com a presença dos parlamentares da oposição.

Para ganhar um dia no prazo para a indicação de nomes, deputados da base tentaram prolongar uma sessão solene em homenagem aos 90 anos da Coluna Prestes, na Câmara, de forma a inviabilizar a sessão ordinária que começaria logo em seguida – e que contaria no prazo para a instalação da CPI Mista. A tentativa foi frustrada pelo deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que encerrou a homenagem abruptamente, iniciando um grande bate-boca. “Isso é um absurdo!”, esbravejava a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). “Não vou permitir. Todos sabiam que tinha que encerrar antes das 14h”, retrucava Oliveira, que deu a palavra final.

Colaboraram André Shalders e Naira Trindade
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