A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, disse nesta terça-feira que a Copa do Mundo não deve levar ao aumento da exploração sexual de crianças e adolescentes no país. Segundo ela, a expectativa pela chegada de turistas estrangeiros para o Mundial não deve ser motivo de “pânico”, pois outros eventos do calendário nacional atraem número ainda maior de pessoas de outros países.
O assunto foi debatido em um seminário, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, marcado para discutir o impacto das grandes obras na incidência deste tipo de crime. No debate, Ideli Salvatti voltou a destacar resultados do Disque 100 e ações de fortalecimento de conselhos tutelares. A ministra reiterou que serão contratados 25% mais atendentes do Disque 100 para reforçar o serviço no período da Copa. Atualmente, 300 pessoas fazem parte da equipe. Além disso, o governo vai entregar 2 mil equipamentos para fortalecer o trabalho dos 5.933 conselhos tutelares do país.
Ideli Salvatti ressaltou ainda que a população precisa participar dessa rede de proteção, denunciando casos de abuso. “É um crime difícil de combater porque, na maioria das vezes, ocorrem dentro de casa. A vizinhança e os professores são agentes importantes”, completou.
A presidenta da CPI, deputada Erika Kokay (PT-DF), provocou o debate sobre os casos envolvendo crianças e adolescentes em municípios onde ocorrem grandes obras como o da Hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho (RO). Segundo ela, nessas cidades a população masculina quase triplica no período das construções e, em audiências anteriores do colegiado (criado em fevereiro de 2012), foi possível constatar que há relação entre esses empreendimentos e o aumento de registros da prática criminosa.
“Os casos de estupro aumentaram mais de 200% em Santo Antônio. Há um deslocamento das rotas que passam a ter novos destinos com essas obras”, explicou. Erika Kokay informou que a CPI vai propor um marco legal a fim de estabelecer condicionantes para as grandes obras, propondo que os responsáveis se comprometam a fortalecer conselhos tutelares e políticas de proteção de crianças e adolescentes.