Jornal Estado de Minas

Desgaste com Pasadena causou saída de Cerveró, diz Graça Foster

Graça pontuou ainda que o negócio Pasadena está sendo apurado por órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, a Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal, mas que a estatal ainda não foi comunicada sobre alguma posição

Graça Foster justificou a compra do ativo em 2006 com a estratégia de expansão internacional - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasi

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou nesta terça-feira, durante depoimento em audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, que o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, foi demitido do cargo que ocupava neste ano na BR Distribuidora pelo desgaste causado pelo caso Pasadena.

Cerveró, que comandava a área internacional da estatal à época da compra de Pasadena, foi apontado como o responsável pela elaboração de um resumo executivo que embasou a aprovação da transação pelo conselho de administração da empresa, que era presidido pela então ministra da Casa Civil e hoje presidente da República, Dilma Rousseff.

Dilma disse em março que só apoiou a compra por desconhecer duas cláusulas que não constavam no contrato, que foi classificado por ela como "falho". Depois de deixar a diretoria da área internacional, Cerveró passou a ocupar o cargo de diretor-financeiro da Petrobras Distribuidora, até sua demissão em março.

"A saída de Nestor Cerveró se deveu ao desgaste do assunto Pasadena, que passava também pela atuação dele. Este foi o entendimento, que o desgaste era bastante grande e por isso ele deveria deixar isso", disse a presidente, referindo-se à reunião do conselho que definiu o desligamento de Cerveró da BR Distribuidora.

Graça voltou a reconhecer que a compra de Pasadena resultou em prejuízo para a estatal. Ela pontuou, no entanto, que mudanças no mercado energético americano, favorecendo o processamento de óleo leve, levaram o ativo a ter resultados positivos nos últimos anos. "Precisamos esperar um pouco mais para recuperar o prejuízo em Pasadena", disse.

Ela justificou a compra do ativo em 2006 com a estratégia de expansão internacional, quando o objetivo era centrar no refino de óleo pesado brasileiro. O cenário, sobretudo com a descoberta do Pré-Sal, alterou essa estratégia, de acordo com ela. "O foco internacional da Petrobras hoje não é o refino".

Graça pontuou ainda que o negócio Pasadena está sendo apurado por órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, a Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal, mas que a estatal ainda não foi comunicada sobre alguma posição final. Ela também disse que não há sinais que a antiga proprietária da refinaria texana, a Astra Oil, estivesse especulando quando ofereceu a parceria com a Petrobras.
Como exemplo, Graça citou o fato de que o negócio com os belgas propunha divisão de 50% para cada acionista. Se quisesse especular, segundo Graça, eles teriam oferecido 100% do ativo.

Por último, ela disse que o interesse pela compra talvez se deva à reversão das perspectivas internacionais com a crise americana. "Nos EUA, em um mercado que era comprador, de repente várias refinarias fecharam em 2008. Também perdemos o sócio (a Astra Oil)".

SBM Offshore

A executiva revelou também que a estatal mantém contratos com a SBM Offshore, que aluga navios-plataforma, na ordem de US$ 27 bilhões. A holandesa SBM holandesa foi apontada em denúncia como fonte de pagamento de propinas a funcionários da petroleira para firmar contratos.

De acordo com Graça, a Petrobras tomou conhecimento das denúncias neste ano, pela imprensa, e a direção da estatal determinou a investigação do caso por uma comissão interna. Essa comissão não comprovou o pagamento de propina, disse a executiva. Ela disse ainda que os contratos da SBM, de afretamento, não passam pelo conselho de administração.

Além disso, a presidente da Petrobras disse ainda que a SBM, uma das três empresas que alugam navios-plataforma, foi suspensa da lista de convidados para participar de concorrências até o fim das investigações.

P-62

Graça negou que plataformas da empresa tenham sido lançadas ao mar incompletas. De acordo com sindicalistas, plataformas são inauguradas inacabadas e depois finalizadas em mar por pressão política, para melhorar o saldo da balança comercial e para dar satisfação ao mercado, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo em fevereiro.

A executiva admitiu, no entanto, que a P-62 saiu do estaleiro com o sistema de amarração incompleto, procedimento que foi realizado na locação. "Saímos para a locação porque o sistema de amarração pode se fazer na locação. Você chega na locação para que você amarre", justificou.

 Com Agência Estado .