Brasília – Em depoimento à CPI "governista" do Senado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que, com as informações atuais, a estatal não compraria a Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O prejuízo foi de US$ 530 milhões. Graça definiu a negociação como positiva na época, mas disse que "a avaliação à luz atual é que não foi um bom negócio". Antes de Graça depor, a comissão aprovou a convocação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em 17 de março na operação Lava a Jato, da Polícia Federal, por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Costa foi solto na semana passada.
Apesar de admitir que a compra de Pasadena tem “baixo potencial de retorno pelos investimentos feitos", Graça Foster isentou a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade no negócio. “Os responsáveis são, primeiramente, os diretores da Petrobras, que aprovam e recomendam. Depois, o conselho aprovou por unanimidade. Então, somos todos nós."
Graça garantiu que as cláusulas put option e Marlim “certamente demandariam grande discussão”, se tivessem sido apresentadas ao Conselho de Administração da empresa . "Em especial, se os riscos estivessem explicitados", disse. Na opinião dela, com essas informações, era possível que o negócio "não tivesse acontecido". Em 2006, o conselho, à época presidido por Dilma Rousseff, autorizou a compra de 50% da Refinaria de Pasadena, que pertencia à empresa belga Astra Oil. Somente há dois meses a presidente Dilma criticou o resumo feito pelo então diretor internacional, Nestor Cerveró, chamando-o de "incompleto", por omitir, na transação para compra de metade da refinaria a existência dessas cláusulas.
A put option determinava que, em caso de discordância entre as duas partes , a Petrobras seria obrigada a comprar o restante das ações, e a "Marlim" dava à sócia da estatal brasileira uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano. Após um processo na Câmara Internacional de Arbitragem, a Petrobras teve que comprar – obrigada por essas cláusulas – a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena acabou sendo um mau negócio e trouxe prejuízo para o Brasil.
Ontem, Graça afirmou ainda que buscar o refino no exterior foi o que despertou o interesse em Pasadena. De acordo com a presidente da Petrobras, Pasadena tinha um terreno muito grande e a localização muito boa e "construir uma refinaria nos EUA não é trivial".