Em um novo round entre governo e oposição, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, atacou nesta quarta-feira proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) que altera o Bolsa Família e mantém o pagamento por um período de seis meses após o beneficiário perder as condições previstas no programa para receber os repasses. Por apenas um voto, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou a matéria, que contou inclusive com o apoio de parlamentares da base aliada. O assunto virou palco de disputa sobre os dividendos eleitorais do programa de transferência de renda.
O texto aprovado na comissão também acaba com o teto para que as famílias sejam desligadas do Bolsa Família. Atualmente, por meio de uma portaria de 2010 do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, as famílias que tiverem uma variação da renda de meio salário mínimo (R$ 362 hoje) no período de dois anos perdem o direito ao benefício. A proposta de Aécio retira esse limite. "Essa proposição deturpa e desfigura o Bolsa Família, deforma uma das principais características do Bolsa Família, que é justamente a mais valorizada por todos aqueles que têm avaliado o BF internacionalmente: de ele ser um programa que consegue ser focalizado na população pobre", criticou a ministra.
O Bolsa Família atende 14 milhões de famílias e tem orçamento previsto de R$ 25 bilhões para este ano, informou a ministra. "Conhecemos os dados, temos evidências, estudos e técnicos sérios e estamos dispostos a ir conversar com os nossos senadores. Vamos usar o conjunto dos nossos argumentos, não só no Senado, para garantir que o Bolsa Família seja um programa eficiente com resultados bem-sucedidos", disse a ministra.
A oposição contou com apoio decisivo de parlamentares da base e, por 10 votos a nove, conseguiu aprovar o parecer da senadora tucana Lúcia Vânia (GO), favorável ao projeto. Apoiaram a matéria os senadores de partidos aliados ao governo Sérgio Petecão (PSD-AC), Paulo Davim (PV-RN), Ana Amélia (PP-RS), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Eduardo Amorim (PSC-SE) e da oposição, além de Lúcia Vânia, Cícero Lucena (PSDB-PB), Agripino Maia (DEM-RN), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Jayme Campos (DEM-MT).
Com Agência Estado