Enquanto isso, a oposição apelou para uma overdose de requerimentos - foram mais de 500 em três horas de sessão - e comemorou a esperada adesão de governistas rebelados, embora ainda baixa, mas com potencial de fogo. O presidenciável Aécio Neves (PSDB-SP) assumiu papel de protagonista, assumindo a liderança em uma estratégia de atrair olhares para as investigações.
Como esperado, os aliados de Dilma, Vital e o deputado Marco Maia (PT-RS), assumiram seus postos. Respectivamente: presidência e relatoria da comissão. Apesar da pressão oposicionista e pedidos de que a segunda reunião já ocorresse amanhã, o relator alegou ausência de tempo para elaborar um plano de trabalho no prazo e agendou o próximo encontro para o fim da tarde de segunda-feira, 2 de junho. No cronograma, o petista vai esbanjar do uso do calendário, apertado pela Copa do Mundo, convenções partidárias, recesso parlamentar e início da campanha eleitoral.
Plano
O plano dos governistas seguirá rumo semelhante ao traçado pelo relator da CPI exclusiva do Senado, José Pimentel (PT-CE), abrandando convocações e pedidos de quebras de sigilo perigosas ao governo, pesando a mão em pontos da investigação que podem esbarrar nos adversários, em especial na gestão Fernando Henrique Cardoso.
Apesar da vitória da base na eleição do presidente, oposicionistas comemoraram o que consideraram uma primeira vitória contra a maioria governista. O deputado Enio Bacci (PDT-RS) concorreu ao cargo com Vital e recebeu 10 votos - a oposição conta com oito membros, entre deputados e senadores. "O período eleitoral atrapalha muito o governo.
Um dos nomes com os quais os oposicionistas contam para conseguir aprovar pedidos ameaçadores ao governo, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), se esquivou. "Os votos do PMDB não vão contar nem para a oposição nem para o governo. Vamos nos ater aos fatos", afirmou. Cunha participou em jantar do partido com a presidente Dilma na noite de ontem quando foi elogiado pela petista, que defendeu alianças estaduais com peemedebistas.
Sigilo
Além de contar com adesões da base rebelada, a estratégia oposicionista passa ainda pela pressão por quebrar sigilos bancário, fiscal e telefônico de figuras como o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Também querem acesso a atas de reuniões da Petrobrás.
Nesse primeiro momento, a oposição decidiu apelar para os holofotes atraídos por Aécio Neves. O tucano apelou para uma brecha regimental e assumiu a liderança do PSDB no lugar de Aloysio Nunes (SP), que está fora do País, como forma de poder se manifestar na comissão que não integra - ele alegou falta de tempo devido a campanha, mas ficou incomodado com a repercussão negativa do abandono da oposição à CPI do Senado.
Governistas voltaram a acusar o tucano de uso eleitoral da CPI. "Ficou claro hoje que a CPI tem cunho eleitoral, porque o candidato da oposição está muito mal nas pesquisas, e resolveu comparecer hoje. Não vamos deixar", ameaçou o deputado Sibá Machado (PT-AC).
Na próxima semana, será solicitada a incorporação, pela CPMI, da CPI exclusiva do Senado. Veterano em comissões de inquérito, Alvaro Dias (PSDB-PR) disse já ter conversado com o presidente de ambas as CPIs. "O fato de eles também terem replicado as indicações evidencia que já pensavam mesmo em deixar a comissão no Senado morrer", destaca o senador.. Antes mesmo da instalação da CPMI, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), defendia a ideia, que pode acabar vingando..