Apesar da estratégia da oposição de apresentar candidaturas avulsas para presidente e vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista da Petrobras, instalada nessa quarta-feira, o governo fez valer a maioria que possui e elegeu os senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Gim Argello (PTB-DF) para os respectivos cargos, tendo o também governista deputado Marco Maia (PT-RS) como relator. Mesmo assim, a oposição não acredita que a base aliada conseguirá sepultar a CPI Mista. “O governo poderá ter até número para derrubar, mas não conseguirá andar nas ruas em pleno ano eleitoral, pois essa comissão não é uma demanda das oposições, mas da sociedade”, disse o senador Aécio Neves (MG), escalado para falar em nome da oposição.
Requerimentos não faltam para serem analisados pelo colegiado. Segundo admitiu Vital – que também preside a CPI do Senado –, até o momento já foram apresentadas cerca de 500 propostas, que precisarão ser colocadas em votação. Aécio, que ocupou ontem o espaço do líder do partido, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), apresentou projeto de trabalho conciso da CPI Mista, em consonância com os demais partidos de oposição, PPS, PSB, DEM e Solidariedade.
Os oposicionistas defendem as convocações do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-dirigente da área internacional da estatal Nestor Cerveró, além do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava a Jato da Polícia Federal. Eles propuseram também as quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico de Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras), dos dois ex-diretores, do doleiro, além das empresas de fachada MO Consultoria, Labogen Indústria e Comércio, Labogen Química Fina e Biotecnologia e Piroquímica Comercial.
Repetindo estratégia da CPI dos Correios (que investigou o esquema do mensalão), Aécio sugeriu a divisão dos trabalhos em quatro sub-relatorias: uma para investigar as empresas offshores, como a SBM da Holanda; uma para analisar as refinarias, como Abreu e Lima; outra para tratar das plataformas; e uma exclusiva para destrinchar a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas.
Integrante da CPI Mista, o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) declarou que foi recolhida, na casa de Paulo Roberto Costa, uma série de pendrives com informações sigilosas da atuação do ex-diretor, tanto como membro do comando da Petrobras quanto no período em que atuou como consultor. “Vocês terão novas surpresas da atuação dele na Petrobras, em Furnas e em atividades relativas à Copa do Mundo”, antecipou Francischini.
Tucanos na mira Relator da CPI exclusiva da Petrobras, instalada no Senado, José Pimentel (PT-CE) avisou que serão incluídas, na comissão mista, as investigações do negócio duvidoso envolvendo a venda, pela espanhola Repsol, da refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e da plataforma P-36, que afundou em 2001, matando 11 funcionários – eventos ocorridos no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Esse assunto ainda está sob investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ)”, justificou Pimentel.
Marco Maia (PT-RS) prometeu para segunda-feira a apresentação do cronograma de trabalhos da comissão mista.
.