São Paulo - A presidente Dilma Rousseff gastou quase uma hora de seu jantar de duas horas e meia com a comunidade judaica para cumprimentar um por um todos os cerca de 80 convidados, tirar fotos e fazer diversos ‘selfies’ com os presentes. Além disso, em seu discurso, Dilma fez questão de mostrar empatia com os convidados e fez citações nominais e lembrou de situações que já havia vivido com alguns dos participantes. A estratégia marca uma mudança de postura da presidente, que é pré-candidata à reeleição, em relação ao empresariado.
Durante o jantar, oferecido pelo presidente da Confederação Israelita do Brasil, o médico Claudio Lottenberg, Dilma falou de economia, citou números que o governo vê como positivos, elencou programas bem sucedidos como o Mais Médicos e falou também de Copa do Mundo.
Segundo Lottenberg, a presidente se mostrou bastante preparada e afirmou que as críticas à situação econômica atual são parte de um processo natural de “estagnação” que ocorre em períodos pré-eleitorais e que questões como instabilidade cambial e inflação "estão sob controle”. “Ela disse que quando chegar em novembro, as coisas vão melhorar”, afirmou.
A presidente comparou a situação brasileira com a norte-americana, citou o baixo crescimento dos Estados Unidos e disse que uma baixa na atratividade do capital norte-americano no Brasil se deve porque os EUA “preferem os mexicanos”. “Ela mostrou uma visão sensata, equilibrada, citou muitos dados e mostrou que conhece o que está falando”, afirmou Lottenberg.
Dilma também se mostrou bastante preocupada com o avanço da extrema direita nas eleições Parlamentares da Europa e gastou boa parte do tempo falando de Copa do Mundo.
Durante o jantar, Dilma contou que enviou aos líderes religiosos uma carta pedindo uma mensagem para a Copa no Brasil. A presidente apresentou, inclusive, a resposta que recebeu do diretor-geral do Rabinato de Israel com uma mensagem de apoio ao mundial. Ela não mencionou o temor de manifestações durante o evento esportivo e pediu aos convidados que se empenhem para o sucesso do mundial.
Adversários
Dilma não citou nominalmente nenhum dos seus prováveis adversários na corrida presidencial e segundo Lottenberg se apresentou “muito mais como presidenta do que como candidata”. A comunidade judaica já promoveu encontros com outros pré-candidatos à Presidência, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) e, segundo Lotteberg, após as três exposições “muito boas” está “dividida”.
Além de lideranças da comunidade judaica estavam no jantar empresários como João Doria Junior, Elie Horn, Daniel Feffer, Meyer Nigre, e políticos como o prefeito Fernando Haddad e o governador da Bahia Jaques Wagner.