Desde que assumiu a Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa não se furtou às inúmeras quedas de braço com os mais diferentes setores da sociedade. Por diversas vezes foi duro com colegas da Corte, especialmente durante o julgamento do mensalão, onde tinha como alvo principal o vice-presidente Ricardo Lewandowski, seu principal opositor. Durante quase um ano e meio, as trocas de farpas foram duras. Em pelo menos uma delas, em agosto do ano passado, Lewandowski deixou de lado seu jeito refinado e demonstrou que sentiu que o golpe passou da medida. Ele foi acusado por Barbosa de “fazer chicana”, ao pedir o adiamento do julgamento de um recurso do ex-deputado Bispo Rodrigues, também réu na Ação Penal 470.
O vice-presidente reagiu afirmando: “Presidente, nós estamos com pressa de quê? Nós queremos fazer justiça”. “Nós queremos fazer nosso trabalho. Fazer nosso trabalho e não chicana”, respondeu Barbosa. Lewandowski exigiu uma retratação e, depois da negativa do colega, tentou, mais uma vez, se justificar. “Estou trazendo um argumento apoiado em fatos. Apoiado em fatos, em doutrina. Eu não estou brincando, presidente. Vossa Excelência está dizendo que estou brincando? Eu não admito isso. Vossa Excelência preside uma casa de tradição multicentenária.” E o troco veio. “E que Vossa Excelência não respeita”, completou Barbosa.
Batman
A postura intransigente do presidente fez com que parte da sociedade o visse como super-herói no combate à corrupção no país e o vestissem com capa preta – e a imagem se espalhou nas redes sociais. No auge da repercussão das condenações de políticos, Barbosa enfrentou o então presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), em novembro de 2012, porque queria impor ao Congresso a cassação dos deputados com mandato. Maia defendia que a medida teria que ser tomada pela Casa, depois da comunicação das sentenças condenatórias. Barbosa levou a melhor.
Antes disso, em abril de 2013, foi a vez de comprar briga dentro da própria casa, com os juízes da Justiça Federal, que defendiam a criação de novos tribunais, por meio de sua associação de classe. Barbosa era contrário e, apesar de aprovado na Câmara, o projeto ainda não saiu do papel e será analisado pelo STF (veja diálogo).
E, não bastasse tudo isso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sentiu a dureza do presidente do Supremo. Em fevereiro, em julgamento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a possibilidade de serem cedidos procuradores da Fazenda para atuar como assessores em gabinetes de magistrados, ele criticou a existência de advogados que atuam como ministros ou juízes da área eleitoral, ao serem contratados como assessores nos gabinetes. Diante disso, Barbosa classificou como “postulação absurda” a OAB pretender proibir atuação dos procuradores.