A presidente Dilma Rousseff (PT) aceitou ontem sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vai assumir o perfil “Dilminha paz e amor” durante a campanha pela reeleição para o Palácio do Planalto. Porém, afirmou a presidente, não pretende levar “desaforo para casa” durante a disputa. Os dois participaram ontem de encontro estadual do PT em Belo Horizonte que oficializou o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel como candidato da legenda ao Palácio da Liberdade.
Para o ex-presidente Lula, a oposição está muito “raivosa” e “agressiva”. “E não podemos perder a tranquilidade”, afirmou. O mesmo “estilo” de campanha, o “Lulinha paz e amor”, foi adotado pelo ex-presidente em sua campanha pela reeleição, também em função de ataques da oposição.
Apesar de todo o discurso, nem Lula nem Dilma pouparam críticas aos adversários, que por diversas vezes trataram por “eles”, mas que também não raramente deixaram claro se tratar do senador Aécio Neves (PSDB), segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos para a Presidência da República. Segundo Lula, a única obra de infraestrutura feita pelo senador, quando governou Minas Gerais, foi a Cidade Administrativa, que passou a concentrar toda a estrutura de governo do estado.
Lula disse que vai continuar comparando os anos de governo do PT com os do PSDB. “É muito engraçado. Agora estão dizendo que quando alguém melhora de vida é por esforço próprio. Se é assim, porque não houve melhoras no governo deles? As pessoas são as mesmas. O que houve foi a união do esforço das pessoas com os projetos do governo”, disse o ex-presidente. Ele afirmou ainda que a oposição não suporta os avanços do país feitos pelos governos do PT. “Falam que os aeroportos viraram rodoviária. Nós não temos problema com rodoviária, mas também temos o direito de viajar de avião.” Segundo Lula, o que o enche de orgulho é ver uma pessoa humilde entrando pela primeira vez em um avião. “O que incomoda muita gente é isso. Tem patroa hoje que usa um perfume para ir à festa no sábado e na segunda a empregada chega para trabalhar na cassa dela com o mesmo perfume.”
Em uma crítica direta a Aécio Neves, Dilma afirmou “haver candidato” que quer trazer de volta um modelo que já fracassou. “Querem trazer de volta o desemprego, arrocho salarial, aumento da desigualdade e submissão que o pais tinha ao Fundo Monetário Internacional”, disse a presidente.
Futebol
Dilma encerrou o seu discurso falando sobre a Copa do Mundo e alfinetou a Fifa. “A gente não pode de maneira alguma cair na armadilha de que a Copa do Nundo não é um grande evento para o país, porque é sim. E não tem essa história de padráo Fifa. Nosso padrão é outro. É o da distibuição de renda e achamos que o futebol será o momento de torcer pela Seleção Brasileira e de educação social para o nossos povo. De estar com a família e com os amigos. Nosso padrão é o queijo-minas, e não o padrão queijo suíço, que tem por aí”, rebatendo declarações de dirigentes da Fifa sobre a organização do Mundial no país. A federação tem sede na Suíça.
Mais cedo, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, Dilma afirmou que os turistas que estarão no Brasil durante a Copa não vão levar obras em suas malas e pediu que os visitantes sejam bem tratados. “Ninguém, quando visita o Brasil e volta para o seu país, leva na mala estádios, aeroportos, obras de mobilidade urbana, BRTs, metrô. Não. Sabem o que eles podem levar na mala? A gratidão pela forma como foram tratados. Isso eles levam na mala. O resto fica para nós. Fica aqui nesse país para beneficiar esse povo”, afirmou Dilma durante entrega de máquinas agrícolas a 115 municípios. A presidente também falou que os brasileiros sempre gostaram de acompanhar a Copa e torcer para a Seleção. Ela afirmou que tem “absoluta certeza” que os brasileiros vão reunir família e amigos, “comprar uma cervejinha” e assistir ao Mundial, “torcendo pela nossa Seleção”.
Aliança sem constrangimento
Chamando o ex-presidente Lula de “grande estadista” e afirmando que a presidente Dilma Rousseff será eleita no primeiro turno, o deputado Paulo Maluf selou ontem a aliança do PP com Alexandre Padilha (PT), que concorrerá ao governo paulista. Sem contrangimentos, petistas e Maluf posaram para fotos na Assembleia Legislativa, repetindo as cenas polêmicas da eleição municipal, quando Maluf recebeu em sua casa Lula e o então candidato Fernando Haddad. O acordo deve render 1min15 a mais para o programa de TV de Padilha. A expectativa é de que o petista tenha mais tempo de televisão do que o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição. A estratégia é importante para fazer com que o ex-ministro seja mais conhecido pelo eleitorado de São Paulo. Para Padilha, a aliança seria alvo de críticas de quem, “até quatro dias atrás”, esperava uma aliança com o PP. Ele se referia à participação do partido de Maluf no governo de Alckmin. Na quarta-feira, os correligionários do deputado, que responde a processos por corrupção e crimes financeiros, deixaram o governo tucano.