Também está nos planos da Prefeitura de Passos, no Sul de Minas, cidade com cerca de 103 mil habitantes, construir um centro administrativo. Ainda sem projeto arquitetônico para a obra, a prefeitura enviou no ano passado um pedido de autorização para a Câmara Municipal para contratar um empréstimo de R$ 5 milhões para bancar os custos da nova sede. De acordo com a assessoria de comunicação, o empréstimo já foi aprovado pelos vereadores, mas a prefeitura estuda a possibilidade de trocar de financiador e enviou ao Banco Nacional de Desenvcolvimento Econômico e Social (BNDES) uma carta consulta sobre o projeto e ainda aguarda resposta.
A atual administração municipal funciona em uma construção antiga, de mais de 50 anos e, de acordo com a assessoria, apresenta problemas de segurança e acessibilidade e não comporta todas as secretarias, que estão espalhadas em “espaços desconectados e alugados”. De acordo com a prefeitura, o município gasta cerca de R$ 500 mil por ano com aluguel. O plano é construir o centro administrativo no Jardim da Cidade, no Bairro São Francisco, onde já existe a “Cidade Judiciária”, que abrigam vários órgãos da Justiça.
A Prefeitura de Ouro Preto, Região Central do estado, é outra que têm planos de construir um prédio para abrigar todas as secretarias e autarquias. Como não tem recursos em caixa, o município tenta encontrar outras fontes de financiamento. De acordo com a assessoria de imprensa, por enquanto não há projeto pronto. No entanto, o prefeito José Leandro (PSDB) já está em busca de terreno para a obra. Em Congonhas, cidade histórica de 46 mil habintantes, também na Região Central, a prefeitura planeja construir uma nova sede, mas ainda não tem projeto pronto nem valor da obra.
Já a Prefeitura de Itajubá, no Sul de Minas, inaugurou, em junho de 2008, um centro administrativo, que passou a abrigar todas 15 secretarias em um único prédio, de três andares, localizado em um bairro mais distante do Centro. A obra , que custou cerca de R$ 4,5 milhões, foi erguida sob o argumento de que traria economia mensal de R$ 25 mil em aluguel e racionalidade administrativa. Agora, uma nova sede, na Região Central da cidade, que tem 87 mil habitantes, já está sendo estudada. A prefeitura pretende alugar um prédio de um antigo colégio para abrigar as pastas de Saúde e Assistência Social, além de outras diretorias. A localização e a precariedade do transporte coletivo até o centro administrativo são motivo de muita reclamação entre os moradores.
Em Nova Serrana, cidade com 60 mil habitantes, no Centro-Oeste de Minas, um centro administrativo de 25 mil metros quadrados funciona desde março de 2010. O edifício de linhas curvas custou na época R$ 12 milhões e foi inaugurado com pompa pelo então governador Aécio Neves (PSDB), hoje senador e candidato a presidente da República.
Nem tudo são flores na construção de um centro administrativo. Em Divinopólis, no Centro-Oeste mineiro, a nova sede da prefeitura deveria ter sido inaugurada no centenário do município, em junho de 2012, mas a falta de recursos e problemas com o andamento da obra adiaram o projeto. De acordo com o prefeito Wladimir Azevedo (PSDB), a expectativa é terminar o centro, que vai abrigar todas as secretarias e autarquias do município, até o ano que vem. Segundo ele, a obra deve custar ao todo cerca de R$ 20 milhões, incluindo os R$ 3,5 milhões gastos com a indenização pelo terreno. Desse valor, cerca de R$ 10 milhões saíram dos cofres do município. Outros R$ 5 milhões vieram de um financiamento do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), obtido recentemente. Ainda faltam R$ 5 milhões para o término da obra.
O prefeito diz que estuda uma parceria com a iniciativa privada para conseguir esse recurso, em troca da cessão do espaço para empreendimentos comerciais. Segundo ele, serão economizados cerca de R$ 2,5 milhões por ano de aluguel.
Em Jeceaba, com pouco mais de 6 mil habitantes, na Região Central, as obras do pomposo edifício, com linhas curvas e revestimento de vidro, que vai abrigar o centro administrativo, estão paradas desde o ano passado. A construção começou a ser feita na administração passada e chegou a ter algum andamento na atual gestão. Segundo o secretário de Obras, Sérgio José da Rocha, faltam recursos para concluir o prédio, inspirado na Cidade Administrativa do governo de Minas. A obra foi concebida pelo ex-prefeito Júlio César Reis, do PT, partido que criticou ferozmente a a nova sede do estado. O custo total da obra é estimado em R$ 14 milhões. O valor seria bancado com recursos provenientes do Imposto Sobre Serviços (ISS) de uma grande empresa instalada na cidade, mas, de acordo com o secretário, a expectativa de arrecadação não vingou.
PROBLEMAS Em Mariana, na Região Central, a obra da nova sede do município ainda nem começou, mas já surgiram problemas. A concorrência foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) e é alvo de uma denúncia no Ministério Público. Orçado em R$ 45,9 milhões, o certame, cujo edital está em sua segunda versão, é suspeito de restrição, ao exigir atestados para pequenos serviços, entre eles o de capacidade técnica para fornecimento de poltronas, pintura e até mesmo para a instalação de fonte luminosa.
O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PRB), também quer construir uma cidade administrativa. O projeto ainda não está pronto, mas a estimativa é de que a obra custe cerca de R$ 40 milhões, incluindo os gastos com a compra do mobiliário. O prefeito informou que já iniciou entendimentos com a Coteminas, para a instalação da futura sede administrativa no terreno de uma antiga fábrica do grupo têxtil, perto do aeroporto local.
Ruy Muniz disse que existem outras duas opções: um imóvel de 500 mil metros quadrados no Bairro Ibituruna (região nobre do município), onde a nova sede poderia ser edificada por meio de uma parceria publico-privada (PPP); e um outro terreno, próximo a área urbana, as margens da BR-251, onde um grupo empresarial monta um novo loteamento. Segundo ele, os investidores se dispuseram a doar a construção, se a prefeitura concordasse em se transferir para o local, o que valorizaria comercialmente a área. Mas o prefeito admite que as negociações estão mais avançadas com a Coteminas.
Também sem dinheiro no cofre para bancar as despesas com a construção de um centro administrativo, a Prefeitura de Uberaba, no Triânguloro, lançou uma PPP para fazer a obra, calculada em R$ 160 milhões. O edital prevê a construção de um edifício para abrigar 22 secretarias e cerca de 100 mil servidores, um centro de convenções e ainda hotel, restaurante e lojas que poderão ser explorados pela empresa vencedora.
Memória
Curvas do gênio
A última grande obra do arquiteto Oscar Niemeyer foi um complexo administrativo de 804 mil metros quadrados, com cinco edificações, que abrigam cerca de 16 mil funcionários. A Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves foi inaugurada, em Vespasiano, Região Norte de Belo Horizonte, em março de 2010 e passou a abrigar a sede do governo do estado e todas as secretarias. O prédio principal é o Palácio Tiradentes, onde fica o novo gabinete do governador. Suspensa por mais de mil cabos de aço, a edificação tem 26 metros de largura e 147 metros de comprimento. A distância entre a construção e o solo é de 5,66m de altura. O complexo inclui dois edifícios idênticos – o Minas e o Gerais –, um centro de convivência e o auditório em forma côncava com capacidade para 490 pessoas.