Em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", o ministro disse que as queixas da oposição são "hipócritas" porque os conselhos permitem que a sociedade fiscalize o governo.
"Só ignorância, só má fé ou desconhecimento histórico e a falta de uma atenção à leitura ao primeiro parágrafo da Constituição pode levar uma pessoa a fazer acusações absurdas como essas de que estamos usurpando do poder ou que estamos fazendo tentativas bolivarianistas", desabafou o ministro, avisando que o decreto "não é uma afronta à democracia, ao contrário, é o governo que, deliberadamente, se abre à consulta à sociedade". E ironizou: "Nem a ditadura foi contra a existência desses conselhos nos termos como as pessoas estão se colocando agora".
Ditadura
O ministro rebateu cada uma das críticas da oposição ao decreto e acusou-os de hipocrisia. Questionado se a ampliação dos "mecanismos de controle social" previsto pelo decreto não era uma prática ditatorial, respondeu.
E emendou estocando a oposição: "Então, me parece muito hipócrita que pessoas que se dizem favoráveis ao combate à corrupção, que denunciam corrupção, na hora que você propõe um instrumento para aumentar o controle da sociedade sobre o governo, e não vice versa, que eles venham com este tipo de acusação".
Poder
Sobre o governo estar criando uma forma de democracia direta, tirando poder do Congresso, o ministro citou o primeiro artigo da Constituição que diz que "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente". "Ou seja, essa história de dizer que estamos inventando democracia direta é uma bobagem. A própria Constituição prevê a forma de participação direta", observou ele, explicando que o decreto "simplesmente normatiza o funcionamento de instâncias que já existem e já funcionam, ele não inventa nada, ele sugere que esta prática de governar de um modo participativo, não determina, ele sugere".
Segundo a Secretaria Geral, de acordo com dados do IBGE, dos 5.570 municípios brasileiros, 5.553 deles possuem Conselhos de Saúde. Ou seja, somente 17 municípios brasileiros não têm esse Conselho. No caso de conselhos de meio ambiente, por exemplo,existem 3.784.
Em relação às afirmações da oposição de que os conselhos ampliarão a burocratização do governo, atacou. "Falar em aumento de burocracia, em golpe de autoritarismo, é uma bobagem de quem ou não leu o decreto, ou não entendeu a Constituição, ou quer fazer luta política", alfinetou. "É fazer um escarcéu, em cima de um decreto que simplesmente regulariza o que já existia."
Agilizar
Gilberto reiterou que "nenhuma conferência, nenhum conselho atrapalhará (a administração) porque eles são consultivos, eles propõem política de longo prazo, política de estratégia, não ficam decidindo o dia a dia". Reconheceu, no entanto, que "o que atrapalha o andamento das obras é a atual burocracia do Estado brasileiro" e justificou que foi por isso que o governo propôs uma reforma política, "para torná-lo (o Estado) mais transparente, mais ágil".
Depois de enfatizar que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado a partir das conferências nacionais de saúde e que, desde 1982, existe a prática de orçamento participativo das cidades e que "isso nunca foi motivo de conflito das Câmaras Municipais porque são sugestões dos conselhos e que o Prefeito acolhe ou não", Gilberto insistiu que "não há conflito nenhum e não há usurpação nenhuma de poder".
Ele explicou ainda que os conselhos "têm apenas função consultiva e não deliberativa, como é o caso do Congresso" e que "o que se preconiza é uma prática do Executivo de ouvir a sociedade quando ela toma decisões estratégicas que, de alguma forma, empolguem a sociedade".
Sobre o aparelhamento do Estado, via conselhos, como forma de impedir que o próximo governo, caso não seja do PT, enfrente dificuldades e não consiga governar, Gilberto afirmou que "esta hipótese é absurda". Questionado se o governo pretende implantar o bolivarianismo no País, Gilberto, rebateu.
"As pessoas que afirmam isso desconhecem a história do País porque desde 1936 existem conselhos. Não se pode acusar este governo porque nós não inventamos conferências, nem conselhos. O que os governos Lula e Dilma fizeram foi acentuar o número deles", afirmou.
Segundo Carvalho, das 140 conferências feitas até hoje, 97 delas ocorreram durante os governos Lula e Dilma e acrescentando que existem mais de três mil conselhos de educação e número semelhante de saúde. "Não estamos inventando nada, São estruturas pré-existentes aos nossos governos e apenas estamos fazendo algumas regulamentações e estimulando ampliações dos conselhos nos Estados e municípios."
#ET.