O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), apresenta nesta segunda-feira o cronograma de trabalho da comissão da semana que deve ser, pelos planos da base governista, a única de trabalho ao longo das próximas quatro. Até sexta-feira, o Senado funcionará em ritmo de esforço concentrado para tentar votar o maior número de projetos possível. A partir do dia 9, as atenções dos parlamentares estarão voltadas para a Copa do Mundo, as convenções partidárias e as eleições.
Maia desconversa e acha possível que as sessões da CPMI ocorram mesmo durante os jogos da Copa do Mundo. “Eu mesmo já fui relator da CPI do caos aéreo durante o recesso parlamentar e não interrompemos os trabalhos. Mas eu me recuso a realizar oitivas nos dias de jogos do Brasil”, admitiu. A Seleção Brasileira estreará dia 12, em São Paulo, contra a Croácia. No dia 10, o PMDB, de Vital do Rêgo, realizará a convenção nacional em Brasília para ratificar a aliança nacional com a presidente Dilma Rousseff. No sábado, 14, é a vez de o PSDB lançar a candidatura presidencial de Aécio Neves, tarefa que deve mobilizar o tucanato ao longo de toda a semana.
Outra tarefa que caberá, principalmente à oposição, é descobrir o que fazer com a CPI da Petrobras no Senado, que já ouviu a presidente da estatal, Maria das Graças Foster; o antecessor José Sérgio Gabrielli; além dos ex-diretores da área internacional da empresa Nestor Cerveró e Jorge Zelada. “Essa CPI vai morrer naturalmente, não há qualquer chance de ela continuar viável”, afirmou Agripino.
ESTRATÉGIA O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), já havia se pronunciado contra a CPI do Senado, durante a instalação da comissão mista, na última quarta-feira. Ele prometeu procurar, nesta semana, os senadores da base, autores do requerimento de criação da investigação, para solicitar que eles recuem da decisão de mantê-la em funcionamento. Beto resgatou um movimento surgido nos gramados brasileiros em 2013 para apelar à consciência dos parlamentares. “Não há nenhum bom senso em manter em funcionamento duas comissões com o mesmo tema e, pior, presididas pelo mesmo parlamentar (senador Vital do Rêgo)”, protestou Beto.
A base do governo até cogitou, no início da semana passada, sepultar a CPI do Senado e migrar, automaticamente, os trabalhos e investigações para a comissão mista. A tarefa ficaria mais fácil, já que Vital comanda as duas. Mas o início da CPMI mudou tudo. Os governistas avaliaram que, em 20 minutos, elegeram o presidente e o vice-presidente, e escolheram o relator. Mas a sessão durou três horas por causa dos discursos dos parlamentares oposicionistas.
Só de pirraça decidiram manter as duas comissões em funcionamento, para não dar palanque para os adversários da presidente Dilma. “Quero deixar claro que, ao término dessa reunião (da CPMI na última quarta-feira), só permanecem aqui os senadores que integram a outra comissão (CPI do Senado). Isso demonstra, mais uma vez, que a oposição só deseja fazer uso político e eleitoral das investigações na Petrobras”, alertou o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE).