Ao ver um agente da PF desmaiar na sua frente, Nelma fez massagem torácica e respiração boca a boca.
Em seguida, chegaram outros policiais, que levaram o colega a um hospital. O agente se salvou e a “barra” da doleira ficou um pouco mais limpa na PF. O episódio teria ocorrido em 8 de abril, mesmo dia, coincidentemente, em que o doleiro Alberto Youssef passou mal. Ele também é suspeito de operar um esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10 bilhões.
“A Nelma podia até tentar fugir, mas fez o que fez. Abriu a outra cela, tirou o médico de lá, trancou novamente os outros presos e salvou o cara. Merecia até uma redução de pena por isso”, agradece uma fonte graduada da polícia.
Conhecida no mercado financeiro por “Greta Garbo” e outros pseudônimos que remetem ao glamour de Hollywood, Nelma, de 47 anos, é personagem antiga de comissões de inquérito e investigações policiais.
O nome de Nelma reapareceu na Operação Miquéias, do ano passado, que investigou suposto esquema de pagamento de propina a políticos e servidores públicos para desvio de recursos de fundos de pensão municipais. A PF detectou operações dela com o doleiro Fayed Traboulsi, de Brasília, acusado de participar das fraudes.
A Lava Jato foi deflagrada em 17 de março, como um desdobramento da Miquéias. Não por acaso, equipe da PF em Brasília viaja ao Paraná nesta semana para, em parceria com policiais federais que atuam no Estado, aprofundar os trabalhos e estabelecer elos entre os investigados nas duas operações.
Nelma foi presa dois dias antes da ação, quando tentava embarcar para Milão no Aeroporto Internacional de Guarulhos com 200 mil guardados na calcinha. Para a PF, ela sabia das investigações e tentava fugir. Os advogados de Nelma negam.
No mês passado, a Justiça Federal aceitou denúncia contra a doleira. Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, ela enviava recursos ao exterior por meio de contratos de câmbio fraudulentos que simulavam importações.
“Os doleiros atuam em rede, fazendo pagamentos uns para os outros informalmente. É o que se chama de hawala (confiança)”, explica um policial federal. O Estado não conseguiu contato com a defesa de Nelma.
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