O governo brasileiro negou, mais uma vez, que tenha recebido qualquer pedido de asilo do ex-analista da CIA Edward Snowden. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou nesta segunda-feira que o pedido nunca foi formalizado, ao contrário do que afirma Snowden. "Não é uma resposta que se dê com um sim ou não. Se chegar o pedido, será analisado, mas não chegou", disse o ministro ao ser indagado sobre o caso quando esperava a chegada do chanceler do Haiti, Duly Brutus.
Na noite desse domingo, em entrevista à TV Globo, Snowden voltou a dizer que adoraria morar no Brasil e que havia entregue um pedido formal de asilo à embaixada brasileira na Rússia enquanto ainda estava morando no aeroporto de Moscou. De acordo com o Itamaraty, o documento era, na verdade, uma carta "genérica", enviada a mais de 50 embaixadas, assinada pela Anistia Internacional. Portanto, sem validade jurídica como pedido de asilo.
Na época, em julho do ano passado, o governo brasileiro desconsiderou o pedido, tratado como uma "sondagem", a que o Brasil preferiu não responder. Agora, nada mudou e a determinação é de não estender o assunto. Não há uma carta formal assinada por Snowden, apenas o documento da Anistia Internacional apresentado há um ano.
A avaliação no governo é que não há porque alimentar, mais uma vez, a polêmica sobre o asilo ao ex-agente da CIA. Apesar da indignação causada pelas revelações feitas nos documentos vazados por ele, conceder o asilo a Snowden poria mais pressão na já difícil relação com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Brasil tem a tradição diplomática de quase nunca negar pedidos de asilo político.
Na entrevista, Snowden garantiu que o fizera um pedido formal e mostrou surpresa ao ouvir que o governo brasileiro nega ter recebido. Reconheceu que talvez algum procedimento necessário não tenha sido respeitado. Há quase um ano na Rússia, o ex-agente está com um asilo provisório, de 12 meses, que vence no segundo semestre deste ano. Se o governo russo não transformar o asilo em definitivo, Snowden terá que sair de Moscou. Outros países já ofereceram asilo definitivo. Entre eles, a Venezuela.
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