Principal interlocutor do governo federal com movimentos sociais, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça-feira que é preciso separar a Copa do Mundo das eleições. Para o ministro, "vai quebrar a cara" quem achar que uma derrota da seleção brasileira vai beneficiar a oposição, ou que uma vitória do Brasil vai ajudar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
"É preciso separar bem as coisas. Quem acha que Copa do Mundo, que a vitória da seleção vai ajudar o governo ou que a derrota da Seleção vai ajudar a oposição, sabemos pela história que vai se dar mal, que vai quebrar a cara, não é assim", comentou o ministro a jornalistas, após participar da abertura de seminário no Palácio do Planalto.
"Mas, entre junho (abertura da Copa do Mundo) e outubro (realização das eleições), vai haver um espaço enorme. Até lá são outros problemas, outras questões, outro debate. Sinceramente, eu não acredito que uma coisa vai contaminar a outra do ponto de vista sobretudo das eleições", disse Carvalho. "O povo brasileiro já tem maturidade e inteligência suficiente para separar o que é o evento esportivo, um campeonato de futebol e o que ele representa, e uma eleição, que é uma questão seriíssima que define o futuro do país."
Apesar do discurso do ministro, o Palácio do Planalto teme reservadamente que eventuais falhas na realização do torneio respinguem na popularidade da presidente. O próprio ministro Carvalho viajou às 12 cidades-sede para dialogar com movimentos sociais, prestar esclarecimentos e tentar minimizar as críticas ao evento.
Pelas redes sociais, grupos se mobilizam com a bandeira de "Não vai ter Copa". Black blocs que executaram as ações de grande repercussão durante as manifestações do ano passado continuam fora do radar da polícia, e prometem transformar a Copa do Mundo "num caos".
Diante da queda de respaldo popular à realização da Copa do Mundo no Brasil, o Planalto também reformulou sua estratégia de comunicação na defesa da Copa do Mundo e aposta no argumento de geração de empregos e no legado na área de infraestrutura por causa do megaevento.
"Não vai ficar pronto (as obras)? É verdade, nós cometemos equívocos, atrasamos, agora essas obras todas ficarão prontas, elas não são para turista só, são para brasileiro usar o metro, ônibus, BRT, os hotéis ficarão", discursou o ministro, ao falar na abertura de seminário sobre turismo e hospitalidade, no Palácio do Planalto.