O Times dá destaque, logo no início da entrevista publicada na edição desta quarta-feira do jornal, ao fato de que Dilma raramente faz declarações públicas a respeito de sua prisão.
Dilma falou em Brasília por cerca de uma hora com o correspondente do jornal norte-americano no Brasil, Simon Romero. Ela declarou que apenas uma "pequena minoria" é contra a Copa no País e defendeu empréstimos de bancos públicos para financiar os estádios da competição.
Além da Copa, Dilma ressaltou ao Times a redução nos últimos anos da desigualdade social no Brasil e elogiou o trabalho do economista do momento, o francês Thomas Piketty, que no livro "Capital" discute o aumento da desigualdade. "Acho que ele (Piketty) fez um trabalho fantástico", afirmou. A presidente disse que no Brasil ocorreu melhora da distribuição de renda, enquanto nos EUA e em partes da Europa e situação se deteriorou. A presidente comparou o avanço social recente no Brasil ao da Espanha após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975.
Dilma ressaltou ao Times que com a melhora da distribuição de renda no Brasil, surgiram outras demandas e desafios das pessoas. Ela citou, por exemplo, o crescimento das viagens aéreas enquanto os aeroportos precisam de novos investimentos.
Ainda sobre a Copa, Dilma reforçou que o evento oferece uma oportunidade de o Brasil reforçar sua posição em escala global. A presidente também disse que planeja se encontrar com o vice-presidente dos EUA, Joseph Biden, que vai ao País este mês assistir a uma partida da seleção norte-americana.
Dilma destacou ainda que está preparada para reaquecer as relações entre Brasília e Washington, desgastadas por conta das denúncias de espionagem da Casa Branca no Brasil. Dilma disse que está preparada para considerar o reagendamento da visita que faria em Washington em outubro do ano passado e que foi cancelada em meio às denúncias, feitas pelo ex-funcionário da inteligência dos EUA, Edward Snowden.
Na parte final da entrevista, Dilma falou sobre Cuba e os investimentos que o Brasil tem feito na ilha. Ela afirmou ainda que espera que o Brasil continue aumentando seu poder diplomático e econômico na América Latina.
O Times cita ainda questionamento feito à presidente sobre a lei da anistia, que permite que as pessoas que torturaram Dilma na prisão continuem livres. Dilma disse ao jornal que como presidente, respeita a norma, apesar de sua visão pessoal diferente. "Eu não acredito em vingança, mas também não acredito em perdoar", disse ela. "É extremamente importante para o Brasil saber o que aconteceu, porque isso significa que não acontecerá de novo.".