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Estado de Minas

Cardozo reforça guerra a abusos durante a Copa

Ministro da Justiça confirma tropas federais no Rio e em SP, mas estende oferta às demais sedes


postado em 05/06/2014 00:12 / atualizado em 05/06/2014 07:10

Brasília – O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou  nessa quarta-feira que os governadores de São Paulo e Rio de Janeiro já aceitaram receber reforço de tropas federais para auxiliar a segurança pública durante a realização da Copa do Mundo. A oferta foi feita pela presidente Dilma Rousseff na semana passada, após manifestações violentas contra a realização do Mundial. De acordo com o ministro, os outros estados deverão aceitar a ideia de o governo para reforçar a segurança. “Até o momento, a maioria dos governadores está sim aceitando a oferta de termos um contingente maior das Forças Armadas apoiando as forças estaduais”, disse Cardozo.

Cardozo afirmou que o direito à manifestação é livre, mas destacou que não serão tolerados abusos tanto de manifestantes que pratiquem atos ilícitos como o de autoridades que não exercem o poder como deve ser exercido. “Nossa posição é assegurar o direito à manifestação, mas ter um plano de segurança, discutido com os estados, muito eficiente, para não permitir abusos de qualquer natureza”, afirmou. O ministro da Justiça também rechaçou críticas do candidato à presidente pelo PSB, Eduardo Campos, de falta de planejamento na área de segurança para a Copa. “As críticas dele são injustas, mais por razões eleitorais que por convicção”, afirmou Cardozo.

CNBB A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está distribuindo panfletos – em português, inglês e espanhol – com críticas à Copa do Mundo. Disponíveis em português, inglês e espanhol, os fôlderes são distribuídos em paróquias e outros pontos de todo o Brasil. O material também está no site da instituição. Organizado pela Pastoral do Turismo da CNBB especialmente para a Copa, o panfleto lista oito itens com “cartão vermelho” no Mundial. Da remoção de famílias e comunidades ao desrespeito à legislação trabalhista, a Conferência não poupa críticas ao que considera como pontos negativos relacionados à competição. Entre elas, a “apropriação do esporte por entidades privadas e grandes corporações, a quem os governos vêm delegando responsabilidades públicas” e “a inversão de prioridades para com o dinheiro público que deveria servir, prioritariamente, para a saúde, educação, saneamento básico, transporte e segurança”.

“O material foi elaborado exatamente para marcar presença no evento para mostrar aquilo que nós condenamos. Desde os gastos absurdos às pessoas que tiveram de deixar suas casas”, explica dom Anuar Battisti, da Pastoral do Turismo da CNBB. Segundo ele, os panfletos serão distribuídos em todas as cidades-sede da Copa, não apenas nas igrejas, mas também em aeroportos, hotéis, restaurantes. Além das críticas, o material pretende ressaltar o que pode ser positivo na Copa. Ele lista o que seria o “gol da vitória”, uma série de situações que, se cumpridas, serão muito positivas para o país. Entre elas o fim da exploração sexual e do trabalho escravo, a não criminalização manifestações públicas dos movimentos sociais e o respeito aos torcedores.

Os bispos também destacam a situação dos moradores de rua. “Que as populações dos bairros populares e pessoas em situação de rua tenham garantida a permanência em suas localidades e a segurança para a sua vida, bem como de todos os brasileiros e turistas”, estampa o panfleto. A CNBB encerra o documento afirmando que a Igreja está disponível para torcedores, jogadores e populações vulneráveis. “Nós condenamos os erros, mas queremos que a Copa seja de paz e aconteça de uma maneira especial”, diz dom Anuar Battisti.

Por sua vez, a Anistia Internacional está fazendo uma campanha mundial, desde dia 8 de maio, em defesa do direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica durante a Copa. Sob o título “Brasil, chega de bola fora”, a iniciativa mobiliza 20 seções da instituição em diferentes países para a coleta de assinaturas exigindo do governo brasileiro que assegure o direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica de todas as pessoas durante o Mundial.

Salário ’padrão Fifa’

A Polícia Militar talvez seja um dos maiores símbolos de controle e repreensão de protestos populares no Brasil. No entanto, nem eles ficaram alheios às manifestações contra a Copa do Mundo. Ontem, um grupo com cerca de 300 representantes inativos da corporação realizou um ato nas imediações do Itaquerão, estádio que vai receber a abertura do evento. A principal reclamação dos militares foi a proposta de reajuste salarial feita à categoria pelo governo de São Paulo. Sobretudo em comparação com as despesas que a administração local assumiu por causa da Copa do Mundo.

Houve reclamação sobre os R$ 33 bilhões gastos na Copa do Mundo (na verdade, foram R$ 26 bilhões) e os R$ 2 bilhões investidos em segurança. Os policiais pediram salário “padrão Fifa”, pelo menos 19%. Ontem, as 17 associações que representam soldados, cabos e oficiais da Polícia Militar paulista e que lideram a manifestação, afirmaram que a categoria não pretende fazer greve no estado durante a Copa.


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