Brasília, 08 - O PMDB chega a dois dias da convenção que deve referendar seu apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff com as dissidências dos últimos anos sob certo controle, mas exigindo em troca uma repactuação dos termos da aliança para um eventual segundo mandato da petista.
A fatura passa por mais espaço na Esplanada dos Ministérios a partir de 2015; pela participação nas decisões de governo; pela manutenção, hoje rechaçada por petistas, da divisão de poder no Congresso; e pela alocação da nova geração peemedebista na máquina pública.
Antes da provável formalização da aliança nesta terça-feira, com a presença de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, peemedebistas já apontam algumas reivindicações. "Em 2015 queremos um espaço mais justo, que enseje maior colaboração do PMDB e maior participação nas políticas públicas", avalia o presidente da Câmara, Henrique Alves (RN).
Apelo social
"As principais pastas estão nas mãos do PT e são elas também as principais vias para executar políticas públicas. Isso vai constar da discussão do novo governo", conclui o deputado. O partido controla hoje cinco ministérios, mas sente falta de um com apelo social. Saúde, Educação e Cidades estão entre as mais cobiçadas na conta a ser entregue à presidente em caso de vitória.
Outro integrante da cúpula do partido diz que ele precisa "ter um braço na área de políticas públicas". As exigências incluem maior presença em autarquias como Transpetro e Conab, além da Petrobrás.
Dirigentes do partido vão pleitear ainda a alocação, ao menos no segundo escalão, de "pupilos" que disputarão eleições estaduais e que sejam eventualmente derrotados. São exemplos o deputado Renan Filho, que conta com o apoio do pai e presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), na corrida pelo governo alagoano; e Roberto, filho do senador Romero Jucá e vice na chapa que disputa o governo de Roraima. Já o irmão do senador Vital do Rêgo, Veneziano, concorre ao governo da Paraíba.
Bombeiros
A provável reedição da chapa Dilma-Michel Temer deve contar, segundo contas de dirigentes peemedebistas, com ao menos 10% de vantagem na convenção. A previsão de placar apertado se deve à instabilidade da ala rebelde, que defende a implosão da aliança devido a conflitos regionais. Uma surpresa não está descartada.
O cenário, porém, já foi pior e exigiu uma operação encabeçada por Lula e Temer para acalmar os dissidentes. O alvo principal foi o líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que ao longo do mandato de Dilma liderou insurreições na Câmara contra o governo. De algumas semanas para cá, porém, o embate foi sendo amenizado.
A mudança é facilmente explicada na cúpula do PMDB: Cunha quer presidir a Câmara em 2015 e, para isso, precisa do aval do governo. Ele nega que este seja o motivo. "Não caio no erro de pautar minha vida em razão disso. A presidência da Câmara depende de uma série de fatores. Preciso me reeleger, ver o tamanho das bancadas, ver quem será o presidente. A convenção é que é legítima para decidir a aliança com o PT. Cabe a mim acompanhar."
De lado
Peemedebistas citam muitos exemplos de como tem sido postos de lado nas discussões de governo. Não são chamados, por exemplo, para reuniões no Alvorada com Lula, Dilma, e o presidente do PT, Rui Falcão, sobre estratégias de campanha. Em maio, sequer foram consultados sobre a edição do decreto que regula participação popular.
Ainda assim, Temer defendeu a manutenção da aliança. "Disse a todos: para onde vamos? Um partido do tamanho do PMDB não ter posição no cenário político nacional? Muitos dizem que em 2018 precisamos ter um candidato nacional. Eu estou de acordo. Mas agora temos que nos manter como um partido líder no processo de desenvolvimento do Brasil", afirmou. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.