A ex-senadora Marina Silva, indicada a vice-presidente pela Rede para compor chapa com o pré-candidato Eduardo Campos (PSB), esteve nessa segunda-feira em Belo Horizonte para discutir com seu partido a estratégia para a sucessão no governo do estado, mas as conversas pouco avançaram para resolver o impasse na legenda. A Rede – a sigla lançada por Marina e que ainda não conta com o registro na Justiça Eleitoral – quer que o candidato seja o ambientalista Apolo Heringer e não o presidente do PSB no estado, deputado federal Júlio Delgado, que até pouco tempo defendia uma aliança com os tucanos em Minas. O grupo defende que a ex-senadora pressione a direção nacional do PSB para que o nome de Apolo seja escolhido para a disputa, alegando que a candidatura de Delgado não seria para valer. Marina, entretanto, não aceitou.
Em reunião com integrantes da Rede e do PSB nessa segunda-feira à tarde, a ex-senadora disse que defende a indicação do ambientalista, mas que identifica Delgado como um político comprometido com o projeto nacional do PSB e que, em sua avaliação, o partido tem no estado dois nomes para concorrer. Ela disse ainda que não tem como exigir que Apolo seja o candidato e afirmou que a decisão terá de ser tomada pela legenda em convenção.
Para integrantes da Rede, Marina deveria exigir a candidatura de Apolo como uma espécie de compensação pelo fato de o PSB ter praticamente fechado em São Paulo uma aliança com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), defendida pelo deputado federal Márcio França, presidente do PSB paulista.
“Equívoco” Mais cedo, em entrevista, a ex-senadora disse considerar a aliança em São Paulo um “equívoco” e defendeu mais uma vez que o PSB tenha candidatura própria nos maiores colégios eleitorais. “Estamos trabalhando pela candidatura própria, e São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são estratégicos. Em Minas, defendemos a candidatura do Apolo”, afirmou a ex-senadora. Sobre a possível aliança em São Paulo, ela reforçou que a decisão ainda não é definitiva, pois a convenção do partido não ocorreu.
Apesar de Marina Silva não confirmar, Delgado já acenou com a possibilidade de o partido apoiar a candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo do Estado e essa pode ser uma das teses levadas para a convenção. Para Apolo, o PSB tem dificuldade de se descolar do PSDB devido a questões como financiamento de campanha.
O partido tenta um consenso para evitar disputa durante a convenção, marcada para o dia 21. Nesse sentido, uma das possibilidade levantadas ontem foi uma composição tendo Delgado como cabeça de chapa e Apolo candidato a vice, mas a proposta não teve aceitação na Rede. “Acho que o Júlio não gostaria de ser candidato a governador, mas sim a deputado federal. Estamos tentando fazer com que ele apoie a minha candidatura. A situação será resolvida antes da convenção”, disse Apolo.
O ambientalista conta com o apoio de parte dos integrantes do PSB, mas o comando do partido e o controle sobre os delegados da legenda são de Delgado. O deputado federal não participou da reunião com Marina em Belo Horizonte. Como representante, ele enviou a ex-deputada federal Maria Elvira, que pertence ao grupo do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que chegou a cogitar disputar o governo do estado, mas desistiu porque não contaria com o apoio do PSDB mineiro. Elvira defendeu o nome de Apolo, mas disse que antes de tudo o PSB nacional precisa assumir claramente a defesa da candidatura própria.
Marina disse que a aliança com o PSDB em São Paulo contraria o que já tinha sido combinado na época da fusão da Rede com o PSB. Segundo ela, a decisão contradiz o que havia sido acordado, em outubro, quando integrantes da Rede Sustentabilidade, impedidos de criar o novo partido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), passaram a integrar o PSB. “O Márcio França, presidente do PSB em São Paulo, havia se comprometido com uma candidatura própria”, criticou. “O governador Alckmin apoia seu candidato a presidente da República. Estamos trabalhando com afinco também em Minas para haver uma base coerente e compatível com o projeto nacional”, disse ex-senadora.