Segundo o presidente interino da legenda, senador Valdir Raupp (RO), no almoço da cúpula peemedebista ocorrido nessa segunda-feira (9) no Palácio do Jaburu - residência oficial de Temer -, foram estabelecidas "condições" para a repetição da aliança vitoriosa de 2010. Na prática, são posições que estarão no documento a ser aprovado pela convenção a fim de explicitar as diferenças com o partido de Dilma.
Do almoço participaram, além de Temer e Raupp, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE), o ex-presidente José Sarney (AP), o senador Jader Barbalho (PA) e o deputado Eliseu Padilha (RS). A convenção terá início à 9h, no Auditório Petrônio Portella, no Senado. A presidente fará uma visita aos peemedebistas.
Dilma, no entanto, mostrou-se precavida. Só pretende aparecer na convenção entre 16h e 17h, depois de proclamado o resultado da votação dos delegados. Temer chegará primeiro, por volta das 15h, a tempo de ver a apuração do resultado. O PMDB pretende defender a reforma política deixando claro que ela só poderá ocorrer via Congresso, sem consulta popular como querem os petistas.
O PMDB também aproveitará o documento com suas propostas de governo para defender um governo de responsabilidade fiscal a partir de 2015, com o tripé tradicional, baseado em metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário para que o pagamento das dívidas seja honrado.
A maioria dos economistas, inclusive conselheiros de Dilma, como Delfim Netto, é hoje crítica da chamada "nova matriz econômica", por não ter impulsionado o PIB e, ao mesmo tempo, permitido um certo descontrole inflacionário. "Nosso programa de governo será oferecido à chapa para a campanha presidencial. Deverá se fundir ao programa do PT, porque o mais importante é a manutenção da aliança", disse Raupp.
Rebeldes
Há na cúpula do PMDB otimismo quanto à reedição da aliança com o PT para a disputa presidencial, mas sem garantia de apoio pleno. Nas últimas checagens feitas por Temer, a conta era de que os partidários da coligação deverão obter entre 70% e 75% dos votos, numa hipótese otimista; e cerca de 55%, numa versão pessimista. "O que interessa é vencer. Pode ser por 51%", disse Temer no início da noite, ao visitar núcleos do PMDB reunidos em diversos auditórios da Câmara.
Os rebeldes peemedebistas querem a "neutralidade" do partido na eleição - sem apoiar Dilma ou outro candidato. A confiança exibida pela cúpula peemedebista para a reedição da dobradinha com o PT na disputa presidencial é baseada na resolução de alguns problemas nos Estados, considerados de difícil solução. É o caso de Goiás. O PMDB do Estado concordou em apoiar a coligação federal com o PT, apesar de não ter obtido dos petistas a adesão à candidatura do ex-governador Iris Rezende. Em Goiás, o PT decidiu lançar a candidatura de Antonio Gomide, ex-prefeito de Anápolis. Como agradecimento pelo voto dos goianos na aliança com o PT, Michel Temer e Valdir Raupp vão a Goiânia amanhã à tarde participar da convenção que vai sacramentar a candidatura de Iris.
Também no Ceará há problemas na convivência do PMDB com o PT. Mas o senador Eunício Oliveira, que disputará o governo, concordou em apoiar a coligação com os petistas.
Raupp informou ontem que o PMDB deverá lançar candidatos ao governo em 19 Estados. Em vários deles, estará junto com o PT, como no Pará, Amazonas e Tocantins. Em outros, seguirá separado. É o caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Já ficou certo que o PMDB não lançará candidatos ao governo no Acre, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Roraima e Santa Catarina. Quanto aos candidatos ao Senado, o PMDB deverá lançar apenas dez. Segundo Raupp, por causa do grande número de partidos envolvidos na eleição, as vagas de senador terão de ser negociadas com outras legendas.