Na festa para oficializar a candidatura do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo de Minas Gerais, os holofotes se voltaram para o presidenciável Aécio Neves (PSDB) e suas duras críticas à principal adversária nas urnas: a presidente Dilma Rousseff (PT). Em um palanque com a presença de representantes de 20 partidos – alguns deles da base de sustentação do governo federal –, o tucano desejou à petista uma “bela aposentadoria” pelos próximos quatro anos e pediu licença para governar com “decência e honradez”.
A fala de Aécio Neves encerrou um discurso recheado de críticas à administração do PT, que, segundo ele, deixa o saldo de descontrole da inflação. “Que triste ver uma presidente que encerra 11 anos de mandato (do PT) sem uma palavra de esperança. Ela falou olhando pelo retrovisor da história, culpando o governo de anos atrás”, afirmou Aécio, referindo-se a declarações de Dilma durante convenção do PDT nacional, em Brasília. No evento, ela disse que no governo Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) a inflação chegou a 12,42%, enquanto nos três primeiros anos de seu governo chegou a 7,08%.
O senador mineiro comentou ainda o resultado da convenção nacional do PMDB, que oficializou ontem o apoio a Dilma Rousseff com a indicação de Michel Temer para vice. O placar foi apertado: 398 a 275 votos. “Hoje a presidente deve dormir com uma enxaqueca, pois sofreu uma derrota na convenção do PMDB. Depois de tudo que tem feito, os cargos que tem distribuído, a oposição à aliança ter mais de 40% dos votos é uma derrota fragorosa e que aponta para uma rejeição. Ela levará minutos a mais na propaganda eleitoral, mas não a base e o sentimento de seus aliados”, argumentou.
Aécio se emocionou ao falar dos filhos gêmeos Júlia e Bernardo, nascidos prematuramente no sábado. “Recebi uma benção dupla há três dias. Deus me fez pai de dois filhos que nasceram mais cedo para acompanhar desde a sua tenra idade a honradez e seriedade de seu pai. Que eu possa deixar para Bernardo e Júlia, assim como para Gabriela e para tantos filhos e tantas filhas de vocês um país mais honrado”.
Principal cabo eleitoral de Pimenta da Veiga, Aécio Neves ressaltou a importância da eleição do tucano para que a administração iniciada por ele em 2003 tenha continuidade e pediu aos militantes esforço na campanha pelo governo de Minas. “Sejam meus companheiros, a minha voz e a minha coragem. O que está em jogo não é a derrota deste ou daquele candidato”. Na convenção de ontem, a chapa encabeçada por Pimenta e Dinis Pinheiro (PP) foi aprovada por unanimidade, com 476 votos. Também ontem, o PTdoB nacional oficializou apoio a Aécio Neves e Pimenta da Veiga, em convenção em Belo Horizonte.
Brasil ético
Pimenta da Veiga anunciou que as primeiras metas de seu governo serão antecipadas nos próximos dias e vão consolidar conquistas dos 12 anos de gestão do PSDB em Minas Gerais e aprimoramento nos setores de segurança, saúde e educação. “Estou animado para enfrentar qualquer desafio e todas as adversidades”, disse. Indicado para vice, Dinis Pinheiro afirmou que o governo mineiro estará ao lado de Aécio, “rumo a um Brasil ético”.
Caberá ao ex-governador fazer campanha ao lado de Pimenta, já que Aécio estará em viagem por todo o país na corrida presidencial. As chapas proporcionais ainda serão definidas até 5 de julho, data para registro das candidaturas. Apenas um dos suplentes de senador já foi anunciado: o deputado federal Alexandre da Silveira (PSD).
Desdém
Declarado oficialmente candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga desdenhou ontem de uma possível participação oficial do PSB, partido do presidenciável Eduardo Campos, em sua campanha. Diante da possibilidade de os socialistas – que chegaram a declarar apoio à chapa tucana – terem candidatura própria no estado, Pimenta indicou que para ele basta a adesão do prefeito Marcio Lacerda, que declarou no sábado que vai cumprir o acordo inicial entre PSDB e PSB e caminhar com a candidatura tucana em Minas. “Desde o começo tenho dito que saberemos respeitar as decisões que o partido tomar, mas confesso que ouvi com enorme alegria as declarações do prefeito Marcio Lacerda, que é sem dúvida uma liderança importante em BH e na Região Metropolitana. Acho que ela já nos deu a alegria que precisávamos”, afirmou. Lacerda não compareceu à convenção, mas a mulher dele, Regina, mais uma vez esteve no palanque.