Brasília – No primeiro dia de convenções partidárias, a presidente Dilma Rousseff levou um susto, mas viu aprovada a aliança com o PMDB do vice-presidente Michel Temer. Foram 398 votos (59,1%) pela manutenção da chapa contra 275 (40,8%) da ala que rejeitava a dobradinha com o PT. O resultado foi muito aquém do que os governistas esperavam. “Prometeram (ao Michel Temer) que os problemas estaduais não contaminariam a convenção. Contaminaram”, afirmou o presidente do Instituto Teotonio Vilela, Eliseu Padilha (PMDB-RS).
Os aliados do Planalto se assustaram. “Isso é um recado claro para o PT: vocês têm de resolver os problemas nos estados”, afirmou um governador. O resultado da convenção mostra um partido trincado. Em 2010, a aliança tendo Michel Temer como candidato a vice foi aprovada por 85% dos votos.
Dilma só apareceu na convenção após o resultado ser anunciado pelo presidente nacional do partido, senador Valdir Raupp (RO). Ela rasgou elogios a Michel Temer, ao agradecer o apoio do PMDB. “Ele articulou consensos, ele sabe aproximar pessoas, sabe desarmar espíritos. O Temer desarma espíritos”, disse a presidente. “Eu queria agradecer porque tem uma coisa que não tem preço: a lealdade, companheirismo”, afirmou. “Juntos teremos mais quatro anos para acelerar o crescimento com estabilidade. Vamos acelerar a construção de infraestrutura e inclusão social”, afirmou Dilma.
Na abertura da convenção, Temer minimizou a dissidência e afirmou que a manutenção da aliança com o PT visa “abrir as portas” para que, no futuro, “o PMDB ocupe todos os espaços políticos, para o bem dos brasileiros”. O vice-presidente afirmou que não acreditava nas “intrigas”, que, segundo ele, apontavam para traições. Com a vitória de sua ala, Temer será novamente o vice na chapa de Dilma.
Antes de discursar, Temer repetiu que estaria satisfeito mesmo que a aliança fosse aprovada até mesmo por margem mínima, de 51%. E negou constrangimento: “Isso é comum no PMDB, se a gente não se acostumar com isso depois de 40 anos, não dá para fazer política”.
‘AEZÃO’ Em seu discurso, o prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ) foi muito duro com a legenda. “Nós vamos apoiar a aliança com a presidente, mas o PT do Rio parece não entender a importância disso e não compreendeu o período de transição pelo qual estamos passando.
Segundo interlocutores do partido, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo votam em Aécio Neves. “Um terço dos mineiros também”, disse Cunha. Já o Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Pernambuco e talvez Piauí fecham com Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência.
ATAQUES Antes de participar do evento do PMDB, a presidente Dilma fez um discurso repleto de ataques aos principais adversários políticos na disputa presidencial, na convenção do PDT , onde recebeu o apoio unânime da legenda. Segundo ela, há uma patrulha da turma do “não vai dar certo” e uma campanha que diz sistematicamente que a inflação está sem controle. “Quando a gente lança um programa, eles falam que não vai dar certo. Quando fazemos, eles ficam malhando, dizem que não vai dar certo, que é um absurdo. Agora, estão dizendo que o programa não é monopólio de ninguém. Agora, mostra um oportunismo do mais deslavado nível”, criticou, sem citar os nomes de Aécio e de Eduardo.
PRONUNCIAMENTO À noite, a presidente fez um pronunciamento em cadeia de rádio e tevê, para tratar da Copa do Mundo, que começa amanhã no Brasil. Ao garantir que o país “está preparado para a Copa”, ela disse que, para “vitória ser completa”, faltava aos brasileiros ter uma “noção correta do que aconteceu” na preparação do megaevento. “Uma visão sem falso triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções”, destacou. Segundo ela, “os pessimistas foram derrotados”, diante da entrega de todos os estádios e pelo aumento da capacidade dos aeroportos. No fim, ela afirmou que a Seleção Brasileira “está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo”.
Presidente cai, oposição sobe
Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra queda de dois pontos percentuais de Dilma Rousseff em relação ao último levantamento. A presidente saiu de 37% das intenções de voto em abril para 40% em maio e voltou a 38% este mês. O ré-candidato do PSDB, Aécio Neves, saiu de 14% em abril para 20% em maio e agora alcança 22%. Já o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, soma 13% das intenções de voto ante 11% em maio e 6% em abril. O pastor Everaldo (PSC) manteve 3% das intenções de voto, enquanto José Maria (PSTU), Magno Malta (PR) e Eduardo Jorge (PV) têm 1% cada. Outros nanicos somam 1%. Brancos e nulos são 13% e indecisos, 7%. A pesquisa, realizada entre os dias 4 e 7, tem margem de erro de 2 pontos percentuais. O levantamento foi registrado sob o protocolo BR-00154/2014 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). .