Segundo o professor de ciência política da Universidade de Brasília Lúcio Rennó, esse desencanto com a política (e, como consequência, com os políticos), não é um privilégio do Brasil. Recentemente, os chilenos foram às urnas eleger a presidente Michelle Bachelet. Pela primeira vez na história do país, o voto não foi obrigatório. “Resultado? 60% de abstenção”, apontou Rennó.
A Copa do Mundo no Brasil, com jogos disputados nas principais cidades, também serve como elemento de dispersão. “A política sai da agenda e só vai retornar após o término do Mundial.
Para o cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Rui Tavares Maluf é compreensível que, neste momento, as atenções dos brasileiros estejam direcionadas à Copa do Mundo e não às eleições. Ele acredita que, quando o processo eleitoral esquentar de fato esse percentual de votos brancos/nulos/indecisos diminua.
“Pelo menos no PT, os encontros com a militância têm atingido uma participação maior do que as feitas em anos anteriores”, afirmou, entretanto, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), com a experiência de coordenação de três campanhas municipais para a prefeitura paulistana.
Líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), atribui justamente ao governo a desilusão que os brasileiros vivem em relação à política. “Ninguém gosta de ser enganado. Os brasileiros estão vendo a sucessão de promessas não cumpridas pela presidente Dilma Rousseff e mergulham em uma onda de pessimismo e desilusão”, afirmou.
Por sua vez, o líder do PSB na Câmara e pré-candidato do partido ao Senado, Beto Albuquerque (RS), disse que o alto índice de eleitores desiludidos sinaliza claramente um desejo de renovação do atual modelo que aí está de se fazer política. “As pesquisas mostram que 80% dos brasileiros querem mudança. É preciso ter tempo e um discurso bem elaborado para atrair esse percentual de eleitores desencantados com a política”, analisou Beto. .