Jornal Estado de Minas

PSB em Minas vai à convenção rachado

Com dois nomes na mesa, partido deve definir sábado por candidatura própria ao governo do estado. Coligação com o tucano Pimenta da Veiga, porém, ainda não está descartada

Flávia Ayer

Executiva do partido se reuniu em Belo Horizonte para tentar aliviar a tensão que se instalou na legenda em Minas - Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press


A quatro dias de sua convenção estadual, o PSB em Minas entra rachado e sem consenso na reta final para decidir os rumos do partido nas próximas eleições. Nessa segunda-feira, o presidente da legenda no estado, o deputado federal Júlio Delgado, e o ambientalista Apolo Heringer, que disputam a vaga de candidato ao Palácio da Liberdade, se reuniram para fortalecer a tese da candidatura própria. Apesar da conversa de cavalheiros, Delgado não descartou a possibilidade de filiados apresentarem no sábado uma terceira proposta e votarem pela aliança com o PSDB do candidato a governador Pimenta da Veiga. Com a tensão instalada em Minas, o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, e sua indicada a vice, Marina Silva, preferiram se afastar e nem sequer confirmaram presença na convenção de sábado.

Segundo o pré-candidato ao governo de Minas Apolo Heringer, apoiado pela Rede – sigla lançada por Marina e que ainda não conta com o registro na Justiça Eleitoral –, a reunião teve o objetivo de manter o diálogo “sem agressão” e a defesa do candidato próprio do PSB. “Foi a palavra dada, mas não posso garantir nada”, reforça Apolo, que estava disposto a convencer Delgado a apoiá-lo e desistir de concorrer às eleições a governador. “A minha candidatura tem mais a ver com o momento atual. Meu eleitorado é essa massa de gente que está questionando o atual governo. A base do Júlio é outra, mais institucional”, diz.

Delgado, que chegou a cogitar a aliança com os tucanos, se diz convencido da necessidade de chapa própria, embora a coligação com o PSDB possa representar crescimento das bancadas dos socialistas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
Atualmente, o partido tem dois deputados federais e três estaduais. “A tese de uma aliança é reduzida, mas não estranho se alguém apresentá-la”, afirma o presidente estadual da sigla. Ele reforça que entrou na concorrência porque há um desejo no partido de que o candidato seja alguém com história no PSB. “Estou trocando uma provável eleição a deputado por uma improvável a governador. Há um sentimento interno no partido para que tenhamos um nome que represente verdadeiramente o PSB. Para renovar, tem que ser com alguém que tenha uma experiência política”, diz.

Terceiro nome

Apesar de se colocar na disputa, Delgado afirma que, se houvesse um terceiro nome que pudesse aglutinar o partido, abriria mão da pré-candidatura. “Nós já somos pequenos, e ainda vamos ter disputa na convenção? Não tem sentido, mas não vejo a curtíssimo prazo um terceiro nome”, ressalta. A quatro dias da convenção, o deputado federal quer tentar ainda trazer o prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB), de volta para o partido. Principal nome do PSB na capital, o prefeito já declarou que ficará de fora dos palanques da legenda e apoiará Pimenta da Veiga.

Segundo o presidente da legenda no estado, até sábado o debate continua, com a possível formação de coligação com outros partidos em torno da chapa do PSB. Apolo Heringer também defende que, antes da convenção, haja discussão entre militantes da Rede e do PSB sobre o programa de governo. “No mais, no sábado, vou fazer um discurso para ganhar a convenção, vou transformar a tribuna num momento histórico. Tenho a impressão de que todos podem se surpreender”, aposta o ambientalista. Uma reunião entre integrantes da Rede está marcada para logo depois do anúncio do resultado da convenção.

Posse de suplente

Será empossada nesta terça-feira, na Câmara de Montes Claros, no Norte de Minas, a suplente Maria das Graças Correa (PT), a Graça do PSF.
Ela assume a vaga do vereador Alfredo Ramos (PT), cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) por abuso do poder econômico na campanha eleitoral de 2012. A decisão do TRE, afastando o petista, foi encaminhada para a Justiça Eleitoral em Montes Claros há quase um ano e somente agora está sendo cumprida. Ramos foi cassado em 20 de dezembro de 2012, devido à denúncia de que, durante a campanha eleitoral daquele ano, o Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista, para o qual ele já prestou serviços como advogado, distribuiu um jornal, com tiragem de 11 mil exemplares, “enaltecendo o nome do vereador”. Nessa segunda-feira, a Câmara divulgou nota informando que “houve uma tentativa de comunicar ao vereador a decisão judicial” e que, não o encontrando, o Legislativo decidiu publicar portaria, declarando a sua cassação.

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