Brasília - A oposição deve pedir na próxima semana a convocação de dirigentes da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), situada no Paraná, pela CPI mista que investiga a Petrobras. Segundo o líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), é preciso obter esclarecimentos sobre a relação feita pelo Ministério Público Federal (MPF) entre desvios na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e a refinaria paranaense.
Relatório produzido pelos procuradores afirma que existe "conexão entre os desvios" investigados pela Operação Lava Jato em Abreu e Lima e as supostas irregularidades na Repar. O documento foi enviado ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato. Em decisão de 12 de maio, ele reconheceu a conexão entre os casos pernambucano e paranaense.
"Quantas mais refinarias da Petrobras essa organização criminosa usou para desviar os recursos públicos para benefício próprio e para alimentar essa máquina de corrupção?", questionou Francischini em nota divulgada por sua assessoria. O deputado afirmou que tentará levar "dirigentes antigos e atuais" da Repar não só para depor na CPI mista, mas também na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.
O requerimento vem em um período tumultuado da CPI. Além de a comissão estar esvaziada por causa da Copa do Mundo, a maioria governista que compõe a comissão tenta jogar o foco da investigação para fatos ocorridos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, um dos principais símbolos do PSDB e da oposição. Os governistas querem levar para depor na CPI José Jorge, que hoje é ministro do Tribunal de Contas da União, mas foi ministro de Minas e Energia no governo FHC e responde a uma ação iniciada em 2001 que aponta um prejuízo de US$ 2,3 bilhões para a Petrobras por causa de uma operação de troca de ativos com a empresa ibero-argentina YPF.
O objetivo da base do governo contrapor esse episódio com a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva - um negócio que teria, segundo a Petrobras, causado um prejuízo de US$ 530 milhões. Além disso, Jorge é o relator, no TCU, das apurações sobre Pasadena.