Jornal Estado de Minas

Muros do metrô viram palco de disputa entre partidos que discutem a falta de novas linhas

Cartazes apócrifos espalhados por BH cobram do governador a ampliação do transporte e outros respondem que a responsabilidade é de Dilma

Alessandra Mello
Cartazes cobrem muros do Bairro Floresta. Primeiro foram colados os que questionam o governador, depois os que atribuem a Dilma o atraso nas obras - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS

O metrô de Belo Horizonte virou alvo de uma guerra apócrifa que toma conta dos muros de Belo Horizonte. “Cadê o metrô?” é o mote de cartazes espalhados pelas principais vias da capital. Nenhum deles é assinado. Todos cobram as obras do metrô e jogam a culpa pela sua não realização no governo federal e no estado. Nenhum dos partidos que polarizam as eleições pelo governo do estado e também pela Presidência da República – PT e PSDB – assume a autoria das peças. Mas a motivação dessa queda de braço em torno de uma das obras de mobilidade mais esperadas pelos belo-horizontinos sem dúvida é eleitoral.

Os primeiros questionamentos começaram a aparecer no início do ano passado e cobravam da presidente Dilma Rousseff as obras da tão sonhada ampliação do metrô da capital. “Dilma, cadê o metrô?”, diziam os impressos, todos em preto e branco, colados em todas as regiões da cidade e até hoje vistos em vários muros.
No início deste mês, novos cartazes envolvendo o assunto inundaram a cidade, desta vez com réplicas aos questionamentos dirigidos a Dilma. As cobranças sobre a responsabilidade da obra foram dirigidas ao governador recém-empossado, Alberto Pinto Coelho (PP), que sucedeu em abril ao tucano Antonio Anastasia no comando do estado. “Governador, cadê o metrô”, dizem os cartazes vermelho e branco, também vistos em muitos pontos da capital, principalmente nos grandes corredores de trânsito. Na madrugada de ontem, uma tréplica à paternidade da não realização da obra inundou a cidade. Sobre os cartazes perguntando ao governador pelo metrôforam colocados outros, menores mas com fundo preto e letras garrafais brancas, mandando que a pergunta fosse feita a Dilma. “Pergunta para a Dilma. O metrô é federal.” Os três cartazes podem ser vistos e estão espalhados em viadutos, tapumes de obras e prédios abandonados.

Projeto A briga pela responsabilidade pela não ampliação do metrô é antiga, mas se acirrou depois que a presidente esteve em maio em Belo Horizonte e cobrou do governo do estado o projeto de ampliação do meio de transporte. Na mesma semana o governo anunciou o envio do projeto, que vai criar a linha 3, ligando a região da Savassi, na Zona Sul, à Estação Lagoinha. E anunciou que a entrega estava dentro do prazo previsto. No entanto, na semana seguinte o projeto foi devolvido pelo Ministério das Cidades sob alegação de que continha pendências, como falta de orçamento e cronograma da obra, que impediam a análise da obra pela Caixa Econômica Federal (CEF).

O secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Fabrício Torres Sampaio, criticou a devolução do projeto e disse que ele está completo e que o governo federal pediu mais detalhes sobre os custos porque não tem forma de avaliar o material recebido, porque a CEF nunca mexeu com o metrô. No entanto, se comprometeu a detalhar o projeto e entregá-lo em 20 dias, prazo já vencido.


No dia 8 deste mês, a presidente esteve na capital para visitar as obras de mobilidade para a Copa e cobrou do governo uma “conclusão rápida” do projeto para as obras de expansão do metrô. O governo do estado rebateu a presidente e, em nota, acusou o governo federal de ter “exclusiva responsabilidade” pela obra que ainda não foi executada, “apesar de estar prometida há 12 anos.” E alegou que, como a União “não havia realizado sequer os projetos necessários para a execução das obras, o governo estadual se ofereceu para realizá-los.”

O PSDB mineiro também entrou no assunto e afirmou, por meio de um comunicado à imprensa, que a presidente tenta “fazer os mineiros de bobos” porque assume projetos de mobilidade que são executados com financiamentos que “deverão ser quitados com juros”. No dia seguinte foi a vez de o PT responder. O partido acusou o Executivo estadual de “enganar a população” e de prestar “desserviço” à população por causa de “falsidades”. Acusou ainda o governo de ter entregue um projeto com falhas graves e disse que o dinheiro para as obras do metrô está disponível desde 2011..