"Nós poderíamos ter feito um processo muito mais amplo de comunicação.
"Eu acho que o que nós precisamos é desmontar essa ideia de que essa coisa dos conselhos 'é uma coisa meio chavista', 'meio bolivarianista'. Eu não quero aqui adjetivar, não estou falando que é uma coisa equivocada o bolivarismo, não me cabe esse papel. Estou dizendo que (o decreto) é uma outra filosofia de governo onde a sociedade comparece com muita autonomia pro debate, isso faz parte da educação democrática do País", disse o ministro.
O decreto de Dilma pretende "fortalecer e articular" mecanismos de "atuação conjunta" entre governo federal e a sociedade civil, definindo diretrizes gerais de atuação. O texto orienta todos os órgãos federais a adotar consultas populares, mas não altera a composição dos conselhos já existentes nem cria automaticamente mais instâncias.
Convencimento.
Ao falar com jornalistas após a entrevista, Carvalho reiterou que o governo não cogita desistir do decreto. "O que o governo pensa é que o decreto deve ser mantido, nós queremos dialogar com o Congresso, buscando convencer o Congresso, com todo o respeito, evidentemente, de que não vale a pena gastar energia votar contra um decreto que, na verdade, não muda em nada substancialmente a realidade", afirmou o ministro.
Para Carvalho, o Congresso Nacional poderia contribuir no debate sobre participação social com a convocação de audiências públicas para discutir o assunto.
"O Congresso assumiria um papel, um papel de vanguarda, de protagonizar esse debate. Uma forma em que é uma relação ganha-ganha e quem vai ganhar mais é o Brasil", comentou Carvalho.
Para o ministro, a discussão sobre o papel dos conselhos e das conferências "é ótima", porque "a imprensa nunca se dedicou" ao tema antes da polêmica envolvendo o decreto. Mesmo assim, Carvalho disse que viu a controvérsia com "uma surpresa extraordinária" e a atribuiu ao resultado desse "grande debate eleitoral e de forças que têm medo" do avanço da democracia..