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Estado de Minas

PTB adere a campanha de Aécio

Conflitos com petistas nos estados fazem sigla abandonar base da presidente e fechar com tucanos na disputa pelo Planalto. Decisão acende o sinal de alerta para novas debandadas


postado em 22/06/2014 07:00 / atualizado em 22/06/2014 07:36

Paulo de Tarso Lyra, Grasielle Castro e João Valadares

Brasília – A decisão do PTB de abandonar o projeto de reeleição de Dilma Rousseff e apoiar nacionalmente a candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG) ao Planalto deixa o comando de campanha petista preocupado diante da possibilidade de outras debandadas. A própria justificativa dada pelos petebistas – dificuldades nos palanques estaduais – permeia outras legendas. O PSD de Gilberto Kassab (vaiado ao ter seu nome anunciado na convenção petista ontem), o PP (cujo presidente Ciro Nogueira estava na festa dilmista) e o PR (que nem mandou representante) ainda não confirmaram apoio formal à reeleição da presidente.

Ao mesmo tempo em que parlamentares e ministros petistas davam declarações desanimadas sobre o PTB, o partido divulgava uma nota confirmando a mudança de lado. “A decisão atende ao clamor da maioria da bancada federal e de estados onde os conflitos locais entre PTB e PT ficaram insustentáveis como no Distrito Federal, Roraima, Piauí e Rio de Janeiro. Os estados ficam liberados para manter os acordos locais”, afirmou a nota, assinada pelo presidente nacional do PTB, Benito Gama.

Vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (DF) disse que o partido cansou de ajudar o governo e não ter a contrapartida, sobretudo dos petistas. “Nós estamos no Senado, vemos que o Aécio é um democrata. O PT descumpre todos os acordos que faz”, reclamou Gim. Líder da bancada na Câmara, Jovair Arantes (GO) disse que foi surpreendido pela decisão e que reunirá a bancada na próxima terça-feira para debater a questão com os deputados. “Eu achava que estava tudo certo (o apoio à Dilma). Tenho minha opinião, mas não posso externá-la antes de ouvir os meus liderados”, esquivou-se Jovair.

Curiosamente, os petistas também se dizem surpresos com o movimento inesperado feito pelos petebistas. O vice-presidente do PT José Guimarães desdenhou das queixas do ex-aliado. “Quando não se quer se arruma argumento para tudo. Não tem nada disso (mágoa), o PTB sempre foi muito bem tratado por nós, do governo, pelo PT. É uma opção que eles fizeram e desejo boa sorte”, disse ele. Outros se mostraram mais espantados. “Dez dias atrás eu conversei com o Benito (Gama) e ele me garantiu que tudo estava arrumado. Alguma coisa aconteceu nesse período”, afirmou, desolado, o governador da Bahia, Jaques Wagner.

Ele admite que o amplo arco de alianças petistas traz vantagens, mas também problemas. “É como uma família. Se você tem 11 filhos, colocar todo mundo para dormir dá mais trabalho”, tentou justificar Wagner. “Me avisaram ontem (na sexta). Vamos ainda tentar conversar, mas se não, paciência”, resignou-se o ministro da Secretaria de Relacões Institucionais, Ricardo Berzoini.

Vaiado novamente pelos petistas – isso já tinha acontecido na festa do PT, em 2012 –, Kassab não acredita em problemas para a confirmação da aliança do PSD com o PT, no encontro partidário marcado para a próxima quarta-feira, em Brasília. “A convenção é soberana, todos vocês sabem. Mas eu espero que ela ratifique a decisão tomada pela maioria dos diretórios estaduais consultados por nós ao longo dos últimos meses”, disse Kassab.

Os tucanos evitaram comemorar abertamente a decisão petebista. “Vamos celebrar publicamente no momento certo”, disse um articulador da campanha. Ele admitiu que o PSDB acompanha outras possíveis desgarradas de aliados, insatisfeitos com a relação entre governo e base aliada. Mas não acha que as vaias a Kassab possam afetar na decisão do PSD de apoiar Dilma. “Ele não se magoa fácil”, ironizou um aliado de Aécio.

 


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