“Conversei hoje com a presidente Dilma e disse a ela que a situação está muito complicada. Acredito que não vou concorrer ao Senado”, disse Sarney ao presidente do PMDB do Amapá, o ex-senador Gilvan Borges. Ex-ministro do Turismo e aliado próximo da família Sarney no Maranhão, o deputado federal Gastão Vieira (MA) também disse ter sido comunicado da desistência.
No fim da tarde, a assessoria de imprensa do gabinete de Sarney divulgou uma nota, assinada pelo funcionário Cléber Barbosa, confirmando a decisão de não concorrer este ano. “Essa decisão já estava tomada, comuniquei isso ao meu partido na semana passada.
“Para ele é muito bom, acho importante essa decisão. Cada vez que ele vai para lá (Amapá) é uma dificuldade”, afirmou ontem a governadora do Maranhão e filha do senador, Roseana Sarney. Segundo ela, a família o tem aconselhado a encerrar a vida pública. “Para mim, particularmente, está na hora”, afirmou ela.
Margem de recuo
Apesar de ter ouvido do próprio Sarney o anúncio da aposentadoria, Borges ainda mantém a esperança de que o ex-presidente da República reveja a decisão - e enfrente mais uma campanha eleitoral - até o dia 30, data marcada para a convenção do PMDB-AP. “Estamos um pouco órfãos e vamos aguardar até o último minuto. Há um desejo, não só nosso do PMDB, de que ele seja candidato”, afirmou Borges. “Espero que ele ainda se candidate”, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Será a primeira vez desde 1966, quando Sarney assumiu o governo do Maranhão, que nenhum integrante da família ocupa um cargo majoritário. Roseana (PMDB) está no fim de seu quarto mandato e não pode concorrer à reeleição. Os únicos membros do clã Sarney a disputar as urnas este ano serão o deputado Sarney Filho (PV-MA), o Zequinha, filho de Sarney, que vai se candidatar a mais um mandato na Câmara, e Adriano Sarney (PV), neto do senador, que disputará uma vaga na Assembleia do Maranhão.
Ao longo de 60 anos de política o senador perdeu apenas uma eleição, a primeira, em 1954, quando concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados. No ano seguinte, no entanto, ele assumiu uma cadeira no Parlamento na condição de suplente.
Embora tenha alegado motivos pessoais, o quadro político desfavorável foi determinante na decisão do senador. Pela primeira vez desde que Sarney mudou o domicílio eleitoral para o Amapá, em 1990, a possibilidade de uma derrota nas urnas era real. Pesquisas locais apontam alta rejeição ao nome do senador, que aparece em segundo ou terceiro lugar nos levantamentos de intenção de votos.
Além disso, ao contrário de eleições passadas, nas quais tinha apoio quase unânime no Estado, Sarney enfrenta a oposição do governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), e do prefeito de Macapá, Clécio Luís (PSOL). Em 2006, ao chegar ao quinto mandato de senador - dois pelo Maranhão e três pelo Amapá -, Sarney já havia enfrentado uma disputa difícil na qual foi eleito com margem de 5 mil votos.
O Estado de S. Paulo
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