Brasília - Líder nas pesquisas pelo governo do Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB) está prestes a abrir seu palanque para o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Os dois se reuniram ontem em Brasília para acertar o arranjo regional e, reservadamente, caciques peemedebistas já dão o acordo como certo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, desencadeou uma ofensiva de última hora para tentar não perder o aliado.
Com a montagem de palanques competitivos no Nordeste, o senador mineiro tenta reduzir a vantagem histórica que o PT leva na região. No último levantamento Ibope, Aécio aparece em terceiro lugar (8%) na preferência do eleitorado, atrás de Dilma (52%) e do pré-candidato do PSB, Eduardo Campos (13%).
Eunício, que é líder do PMDB no Senado e faz parte da base de apoio de Dilma, tem até a próxima segunda-feira (30) para oficializar o acerto. Um dia antes, o PMDB cearense realiza sua convenção. A costura patrocinada com Aécio coloca o ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati como candidato ao Senado - também cotado para ser vice do tucano na disputa presidencial. Já a vaga de vice na chapa de Eunício ficaria com o ex-prefeito de Maracanaú Roberto Pessoa (PR).
Aliado de Tasso, o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) afirmou que as conversas entre Eunício e Aécio foram boas e que amanhã o peemedebista deve se reunir com a executiva tucana do Ceará para negociar os termos da aliança no Estado, como os acertos para as vagas na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa cearense. Uma eventual convocação de Tasso para ser vice de Aécio - hipótese hoje tida como improvável pela cúpula tucana - também mudaria o cenário e exigiria um novo rearranjo.
Como principal adversário, o senador do PMDB deverá enfrentar no Ceará um nome indicado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS). Já o PT, que deve aos Gomes a abertura de um racha no ano passado dentro PSB do adversário Eduardo Campos, vinha atuando para evitar uma aliança entre o peemedebista e o principal oponente de Dilma na disputa pelo Palácio do Planalto.
A cúpula do PMDB dá conta de que Lula chegou a dizer que gravaria mensagens de apoio à campanha de Eunício, mas a avaliação do partido é que as promessas foram insuficientes. "Ninguém acredita nessa história, deixaram ele sem alternativa", resume um cacique peemedebista.