O PSB mineiro decidiu nesta quinta-feira lançar o ex-prefeito e ex-deputado Tarcísio Delgado candidato ao governo de Minas Gerais. A decisão, tomada por uma comissão de 17 integrantes da legenda, venceu por dez votos a sete a proposta de apoio formal ao ex-ministro Pimenta da Veiga, que disputará o Executivo estadual pelo PSDB. Com a candidatura própria, os socialistas mineiros garantem um palanque para a campanha à Presidência do ex-governador Eduardo Campos (PE) no segundo maior colégio eleitoral do País, principal reduto político do senador Aécio Neves (MG), que também participará da corrida presidencial.
O ambientalista Apolo Heringer, do Rede Sustentabilidade, também havia lançado a pré-candidatura, mas anunciou sua saída da disputa na convenção do partido no último dia 21, quando foi decidido que a posição do partido no pleito seria definida por uma comissão. "Essa decisão não me contempla, pela forma que o Júlio conduziu o processo. Mas, pela coerência, não poderia votar em aliança com o PSDB", afirmou o vice-presidente do PSB mineiro, Mário Assad, referindo-se à escolha de Tarcísio Delgado.
Júlio Delgado, que voltará a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, justificou a decisão com a falta de tempo para se dedicar à campanha para o governo. Ele também é aliado de Aécio Neves e chegou a declarar apoio a Pimenta da Veiga antes de Heringer lançar a pré-candidatura. "Continuo como relator do caso do André Vargas no Conselho de Ética, sou membro da CPMI da Petrobras, que vai ter um desdobramento muito maior em julho e agosto e são meses iniciais da campanha", salientou. E observou que ainda está encarregado dos "encaminhamentos no sentido de possibilitar as coligações com os partidos que estão abertos à aliança proporcional", como o PHS e o PPL.
Peemedebista histórico antes de tornar-se socialista, Tarcísio Delgado, de 78 anos, já foi vereador, deputado estadual em Minas e federal por dois mandatos, além de prefeito de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, por três vezes, cargo que disputou em 2008 novamente pelo PMDB, mas foi derrotado. De acordo com Júlio, o nome de seu pai "tem apoio do Eduardo Campos, da Marina Silva (candidata a vice-presidente na chapa do ex-governador), da direção nacional do PSB e de alguns descontentes do PMDB e de outros partidos".
Na reunião de hoje, foram contra a candidatura própria os ex-deputados Maria Elvira e Isaías Silvestre, o deputado estadual Wander Borges, o presidente do PSB na capital, João Marcos, o vereador Daniel Nepomuceno e Janete Maria de Souza, integrante da executiva estadual ligada ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), também favorável à aliança com os tucanos. O outro voto pelo apoio ao PSDB foi do presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, que afirmou ter desistido de disputar uma vaga no Congresso Nacional. Na noite de hoje, o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, encontrou-se com os correligionários em Belo Horizonte para discutir a escolha do diretório estadual. Marcio Lacerda passou pelo PSB durante a tarde, mas não acompanhou a votação.