Depois de muito bater cabeça e já com dissidências explicitadas, o PSB mineiro decidiu nessa quinta-feira lançar o nome do ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado na disputa pelo governo de Minas. Por 10 votos a 7, a comissão encarregada da discussão sobre a sucessão estadual escolheu seguir a indicação da executiva nacional, que na noite anterior havia deliberado pela candidatura própria no estado como tentativa de alavancar o nome do seu candidato a presidente, ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, no segundo maior colégio eleitoral do país. Além do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, que já havia confirmado o apoio ao candidato do PSDB ao governo, Pimenta da Veiga, o presidente do Atlético, Alexandre Kalil, saiu da reunião anunciando ter desistido de concorrer a qualquer cargo e que subirá apenas no palanque do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), em campanha para o Senado.
Enquanto dirigentes nacionais se encaminhavam para a sede do PSB mineiro para garantir o resultado favorável a Campos, diante da tensão que marcou as reuniões que começaram de manhã e foram até a noite, os delegados votavam como eles queriam. Em vez do presidente do partido, deputado federal Júlio Delgado, que havia se colocado como opção para concorrer ao governo, quem foi para o “sacrifício”, como definem internamente os militantes da legenda, foi o pai dele, Tarcísio Delgado. “Agora, vamos tomar providências com os partidos que sobraram para ver as possibilidades de alianças”, afirmou Júlio Delgado.
Na roda de conversas estão PHS e PPL. Concretizando as coligações, segundo Delgado, o partido deve chegar a ter, no máximo, três minutos de propaganda na televisão. Júlio disse ter desistido de concorrer por causa das incumbências como deputado federal em Brasília.
Depois de sair batendo pé na reunião da tarde, Kalil se irritou de novo à noite com a decisão da legenda de não se juntar aos tucanos. “Deram-me, em 24 horas, 16 decisões. Aí estou meio tonto. Tenho um compromisso: sou candidato a subir no palanque de Anastasia e de mais ninguém”, afirmou. Questionado sobre participação na campanha de Aécio Neves à Presidência, ele disse que estaria apenas com o ex-governador, que influiu em sua filiação ao PSB.
Além de Kalil e Lacerda, os representantes das chapas de deputados tentaram até o fim a coligação com o PSDB, alegando, entre outras coisas, que a falta de verba para sustentar uma disputa ao governo tornaria essa uma questão de sobrevivência política. Os parlamentares queriam aceitar as coligações com aliados de Pimenta, para obter mais cadeiras na Câmara e na Assembleia. Os tucanos ofereceram dois bloquinhos: na campanha para deputado federal, o PSB sairia junto do PDT, PV, PTB, PMN e PPS, e na estadual, estaria com PV, PDT e Solidariedade.
INSATISFEITOS O presidente do PSB mineiro considerou naturais as dissidências e indicou estar ciente de que outros integrantes da legenda podem gerar “defecções”. Segundo ele, insatisfeitos de outros partidos, como o PMDB, também podem se agregar à candidatura socialista. Júlio Delgado não cogitou punição caso Lacerda faça campanha para Pimenta. “A gente pode chegar a um entendimento lá na frente de que talvez essa alternativa possa até colaborar para a unificação de nossos projetos em um eventual segundo turno em Minas e no Brasil”, afirmou.
Outro reflexo da decisão do PSB mineiro será sentido no Espírito Santo.