Após a escolha de Tarcísio Delgado para concorrer ao governo de Minas pelo PSB, as rusgas entre socialistas e tucanos começam a dar o tom da campanha. Os dois partidos ensaiaram uma aliança, mas a ação da executiva nacional do PSB – através do presidente da legenda e presidenciável Eduardo Campos, forçou o desenlace. Delgado afirmou estar “satisfeito” com a dissidência e afirmou ser “dilmista”. Já o presidente do diretório estadual do PSDB, deputado Marcus Pestana, afirmou que a decisão foi “errada” por seguir uma imposição de Campos. “Eles não agiram pensando em Minas Gerais, foi por pressão da direção nacional”, disse. Após 12 anos juntas no estado as duas legendas agora serão rivais no pleito deste ano.
Já o candidato socialista não fugiu a divergência. Ele se mostrou pouco incomodado com a ruptura e com o desgosto dos tucanos. "Acho que não (ficaram satisfeitos com a escolha). E fico muito satisfeito de eles não ficarem satisfeitos", afirmou. Até a definição do candidato, outro nome cotado era o do filho de Tarcísio, Júlio Delgado, presidente do PSB mineiro que chegou a anunciar apoio ao candidato do PSDB em Minas, o ex-ministro Pimenta da Veiga.
Buscando até o último momento atrair o PSB para a chapa de Pimenta, o PSDB saiu perdendo com a escolha de um candidato tido como hostil para disputar o governo de Minas pela legenda de Eduardo Campos. A candidatura sobrou para Tarcísio em meio à disputa entre os integrantes da Rede - totalmente contrários à aliança com Pimenta da Veiga - e a ala mais tucana do partido, liderada por nomes como o do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, e o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. Tarcísio diz que não conversou com Marina, mas decidiu ser candidato na última quarta-feira, 25, atendendo a um pedido de Campos. "Não era meu propósito ser candidato a cargo algum neste momento. Surgiu a hipótese de conduzir a bandeira do PSB. Eu nasci para a luta, sempre fui uma pessoa de afirmação. Não sei muito dizer não às boas causas", conta.
Tarcísio Delgado tem 78 anos de idade - mais de 40 deles no PMDB - e há seis anos estava afastado das campanhas eleitorais. Nesse tempo, ele mantém um blog em que comenta economia e política. Opiniões expostas sobre uma suposta "má vontade" da mídia com a economia brasileira e as críticas ao julgamento do mensalão são consideradas por antigos aliados uma prova do posicionamento de Tarcísio. "Eu realmente não sou crítico da Dilma como os tucanos são, muito pelo contrário. Acho que tem problemas sérios no governo, mas acho que há pontos positivos que devem ser reconhecidos e eu reconheço. Mas desde que me filiei ao PSB estou com o Eduardo Campos", afirmou.
Em Minas, a decisão sobre o apoio a Pimenta da Veiga ou a Fernando Pimentel (PT) em um eventual segundo turno deve ser discutida pelo partido. Tarcísio mostra resistências em apoiar qualquer um dos dois já que, além de seu distanciamento do PSDB, o pessebista alimenta restrições ao nome de Pimentel.
Tarcísio foi um peemedebista histórico em Minas e só se filiou ao PSB no ano passado, após se desentender com o PMDB por discordar do candidato indicado pelo partido para disputar a eleição em sua cidade. "O PMDB de que eu participei não existe mais".
Com Agência Estado