Empossado nessa sexta-feira na presidência do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), o desembargador Geraldo Augusto Almeida mandou um recado claro ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e às câmaras municipais: quem vai decidir se gestores que tiveram as contas da administração rejeitadas poderão disputar as eleições deste ano é a Justiça Eleitoral.
Apesar de eles terem sido reprovados como gestores pelo TCE, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que é preciso a confirmação pelo Legislativo municipal para que o parecer tenha validade e o envolvido se torne inelegível. No entanto, para Geraldo Augusto Almeida não basta a opinião do TCE e dos vereadores. Em primeiro lugar, porque o TCE é um órgão técnico, que apenas reprova ou não as prestações de contas. Já em relação aos parlamentares, ele afirmou que é preciso analisar o caráter político do julgamento.
“Muitas vezes, vemos ações no Tribunal de Justiça de improbidade por contas rejeitadas pela Câmara Municipal, mas ela atualmente é de outro partido e está revendo contas da gestão anterior, que é de um partido adversário. Às vezes acontece isso, de forma irregular, para prejudicar o partido adversário”, ponderou o novo presidente do TRE.
Os motivos mais comuns apresentados nas rejeições de contas são fraudes em licitações, aplicação errada de percentuais legais de investimento e omissão de dados nas contas. O desembargador Geraldo Augusto Almeida ressaltou que em alguns casos são erros formais até por desconhecimento das técnicas – especialmente nos municípios menores – e a declaração de inelegibilidade poderia ser injusta.
Campanha A apenas nove dias do início da campanha eleitoral, o desembargador disse que o tribunal mineiro está preparado para julgar todos os casos que chegarem ao órgão e ressaltou que um grande problema enfrentado pelos magistrados é o uso da internet pelos candidatos. Isso porque não existe uma legislação que regule a campanha na internet. Enquanto isso, ele ponderou que serão aplicadas em todas as ações os princípios comuns do direito. “Há regras que resolvem isso e nos dão condições de julgar. O que não temos é condições de ir atrás de cada situação previamente”, afirmou.
À frente do TRE pelos próximos dois anos, o desembargador assegurou que será prioridade na sua gestão a realização de concurso público para o preenchimento de 650 vagas – parte delas ocupadas hoje por servidores cedidos pelos municípios. Outra meta do magistrado é a implantação da biometria (reconhecimento do eleitor pela digital no momento da votação) em Belo Horizonte e pelo menos nas cinco maiores cidade do estado. Também foi empossado ontem, como vice-presidente do TRE, o desembargador Paulo Cézar Dias.
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