Apostas dos partidos para conquistar torcedores, ou melhor, eleitores, dirigentes dos principais clubes de Minas também foram sondados para entrar na bancada da bola. O presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, foi aclamado em convenção do PSB para disputar a eleição para deputado federal, mas acabou desistindo na última hora.
Estreante na política, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, está oficialmente no páreo e concorre a deputado estadual pelo PV. “Temos a expectativa de ele ser nosso puxador de votos pela história vitoriosa que tem”, reforça o presidente municipal do PV na capital mineira, Sérgio Fernandes. Com a ajuda de Gilvan, a intenção é aumentar a bancada da legenda de cinco para seis ou sete deputados. É bom lembrar que a força do time celeste já conseguiu eleger o ex-presidente do clube o ex-deputado federal e hoje senador Zezé Perrella (PDT-MG), além do filho dele, o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD), que sai agora candidato à Câmara dos Deputados.
Nas eleições, Gustavo Perrella vai disputar votos com o ex-goleiro Raul Plassmann (PSC-MG), também candidato a deputado federal. Raul passou por times como Atlético Paranaense, São Paulo e Flamengo, mas foi no Cruzeiro que fez história, ao inovar e usar uma camisa amarela em lugar do tradicional uniforme preto dos goleiros. Em 2010, ele concorreu à Câmara pelo Paraná, mas não teve sucesso nas urnas. Outro nome do esporte que parte para tentar emplacar novamente como político é o ex-atacante do Corinthians Marcelinho Carioca (PT-SP), candidato a deputado estadual. Acostumado a brilhar nos gramados, o ex-jogador fracassou na tentativa de se eleger vereador, em 2012, na capital paulista.
AUDÁCIA No primeiro mandato como deputado federal, Romário (PSB-RJ), artilheiro do Brasil no tetra, levou a confiança do estádio para o plenário e, mesmo com curta carreira política, almeja alcançar o cargo mais alto do Legislativo. Eleito com 146 mil votos, o baixinho agora compete por votos no Senado.
Quem também vai tentar alçar voos mais altos é Washington (PDT-RS), ex-atacante do Fluminense. Conhecido como Coração Valente, por ter enfrentado problema no coração, ele é atualmente vereador em Caxias do Sul (RS) e agora vai tentar se eleger deputado federal. Na corrida pela Câmara dos Deputados, Washington terá que enfrentar Danrlei (PSD-RS), veterano nos gramados e no plenário. Um dos maiores ídolos da torcida do Grêmio, Danrlei conquistou cadeira para deputado federal nas eleições de 2010.
TRADIÇÂO Já o atacante Marques, ídolo do Galo, foi mais conservador e é candidato novamente a deputado estadual, cargo em que quer fazer história. Em 2010, ele foi o segundo mais votado na Assembleia, com 153 mil votos. “Somos mais conhecidos, mas temos quatro anos para ser avaliados. Sabemos muitas histórias de ex-atletas que não conseguiram dar continuidade”, diz. A mudança dos campos para o plenário foi pensada antes de o jogador pendurar as chuteiras.
Outros colegas de Marques do universo do futebol também tentam mais uma vitória no campeonato das urnas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O ex-goleiro do Atlético João Leite, que já foi vereador e secretário de Esportes de BH, vai disputar o hexa na casa legislativa. Agora, mais com a torcida dos evangélicos, seus principais apoiadores. Em seu terceiro mandato, Gustavo Valadares (PSDB), filho de Ziza Valadares, ex-presidente do Atlético, também está na disputa, junto com os radialistas esportivos João Vítor Xavier (PSDB) e Mário Henrique Caixa (PCdoB). Ambos estão no primeiro mandato e lançam novamente candidatura a deputado estadual.
Palavra de especialista
Sílvio Ricardo da Silva, coordenador do Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Oportunidade e oportunismo
Futebol e política envolvem paixão, interesse e dinheiro. Muitos jogadores que encerram a carreira ficam sem ter o que fazer e, aproveitando o prestígio no esporte, entram para a política. Mas, historicamente, vemos que os jogadores são bastante subservientes dentro dos clubes e com pouca opinião, e isso acaba não mudando. A eleição de ex-jogadores e pessoas ligadas ao esporte não deixa de ser um oportunismo dos partidos, que, ao trazer esses ícones como candidatos, conseguem eleger outros candidatos. Como o clubismo no país é muito forte, o torcedor quer que seu clube tenha representação na política e não separa o que é um representante de clube de um representante do povo no Legislativo.
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