Jornal Estado de Minas

Obras de duplicação da BR-381 entre BH e Governador Valadares começam a tomar forma

Em alguns trechos da rodovia é possível ver terraplenagem da nova pista e túneis que vão substituir curvas acentuadas

Daniel Camargos
Quem passa pela estrada pode, enfim, observar a construção de túneis em Antônio Dias, no Vale do Aço - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS

As obras de duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, iniciadas em maio, começam a ganhar forma e alimentam a esperança dos moradores das cidades próximas à rodovia. Em pouco mais de um mês dois túneis foram iniciados, próximo a Antônio Dias, no Vale do Aço, e em vários trechos entre Caeté e o trevo de Barão de Cocais máquinas e caminhões trabalham escavando terrenos e recolhendo a terra.

Ao observar as obras próximas ao trevo que dá acesso a Barão de Cocais, Geraldo Batista de Nascimento, de 41 anos, acredita em dias melhores. Ele já perdeu uma sobrinha e um tio em acidente na estrada, que é conhecida como Rodovia da Morte. Agora, com as obras da duplicação, espera que a rodovia traga lucro. Geraldo deixou um pequeno comércio com familiares e foi contratado como caminhoneiro por uma empreiteira da obra para recolher a lenha derrubada para duplicação.

“Terminei de construir uma pousada, onde cabem 60 pessoas, com 23 dormitórios. Estou tentando alugar para alguma empreiteira.
Espero conseguir R$ 50 mil por mês”, calcula Geraldo. Já Raimundo Liberato Rodrigues, de 68, abandonou um bar que tinha em São Gonçalo do Rio Abaixo e arrendou um bar no trevo de Barão de Cocais. “Tenho duas funcionárias e estou fazendo marmitex”, detalha Raimundo. Por enquanto o movimento é pequeno e são apenas 10 por dia, mas Raimundo calcula que pode fornecer até 50, com arroz, feijão, salada, batata frita e um tipo de carne, por R$ 8.

Perto da entrada para Barão de Cocais, máquinas fizeram o serviço de terraplanagem ao lado da pista - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS

A obra que mais chama a atenção de quem percorre a 381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares é a construção de dois túneis. Um deles terá 409 metros de extensão e o outro, 432 metros. A previsão é de que sejam concluídos em um ano e meio e o valor total do contrato é de R$ 56,95 milhões. A duplicação dos oito lotes da rodovia já licitados envolverá 1.220 máquinas e equipamentos, 29.120 toneladas de aço e 48,2 quilômetros de metros quadrados em terraplenagem. Em relação à mão de obra estimada pelas empresas, está prevista a contratação de 5.729 trabalhadores e cerca de 14 milhões de refeições.

Eleitoral

A obra da 381 está no centro do debate político em Minas Gerais. Se, por um lado, a presidente Dilma Rousseff (PT) poderá usar as obras na campanha, mostrando que atendeu a uma demanda histórica dos mineiros, por outro, a oposição, liderada pelo PSDB, aponta falhas. A principal delas é a ausência de um projeto para duplicação integral da 381, pois um trecho de 72,8 quilômetros entre Belo Oriente e Governador Valadares ficou de fora.

Para esse percurso estão previstas melhorias, como a construção de uma terceira pista e recuperação de trechos danificados. Quando esteve em Governador Valadares, em janeiro, a presidente Dilma admitiu que o trecho precisa ser duplicado para atender ao tráfego crescente da região.
Ela prometeu a inclusão de aditivos para que o trecho também seja duplicado. Porém, a licitação foi feita sem as modificações, o que rendeu pesadas críticas do PSDB.

A duplicação é uma reivindicação histórica dos mineiros, mas nas últimas três décadas o trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares não teve melhorias efetivas. A obra estava prevista no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que é uma das principais bandeiras da presidente Dilma, que quando ministra da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi a principal responsável pela criação e gestão do PAC.

O início da obra estava previsto para 2012, porém uma série de atrasos com projetos e licenças ambientais impediu o início no prazo previsto. O último adiamento foi no final do ano passado, quando o Conselho de Política Ambiental (Copam), órgão do governo estadual, barrou o início das obras, pois o projeto não previa compensação das áreas ambientais devastadas..