Jornal Estado de Minas

PSDB fecha chapa "puro-sangue" para disputar as eleições presidenciais

Aloysio Nunes será vice de Aécio na 1ª chapa "puro-sangue" do PSDB para a Presidência. Expectativa é de que o senador paulista atraia serristas e votos no maior colégio do país

Alessandra Mello

Aécio Neves cumprimenta Aloysio Nunes após indicação do paulista como vice, que contou com o aval dos principais nomes do partido - Foto: George Gianni/PSDB


O PSDB vai disputar a Presidência da República como uma chapa “puro-sangue”. Nessa segunda-feira, após reunião com a executiva nacional, que contou com a participação de Fernando Henrique Cardoso, o senador Aécio Neves (MG), candidato do partido a presidente, anunciou que terá como vice em sua chapa o também tucano e senador por São Paulo Aloysio Nunes Ferreira. É a primeira vez na história do partido que a legenda disputa uma eleição com um presidenciável mineiro – todos os outros candidatos eram paulistas – e somente com nomes do PSDB. A possibilidade de o senador paulista compor a chapa como vice de Aécio já havia sido ventilada, mas o partido cogitava usar a vaga para atrair aliados de outras legendas – entre elas, o PSD – para tentar aumentar o tempo da campanha no horário eleitoral gratuito.

Nesse contexto, o PSDB tentou atrair para a vaga de vice o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD), mas o partido dele declarou apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT). Aécio cogitou também a possibilidade de ter uma mulher como vice – a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie, filiada recentemente ao PSDB do Rio de Janeiro – e Tasso Jereissati, que vai concorrer ao Senado pelo Ceará. No entanto, o comando da legenda avaliou que o nome de Aloysio poderia agregar mais vantagens ao partido. Além de ter tido uma votação expressiva na disputa de 2010 – cerca de 11 milhões ou 30,4% dos votos válidos no maior colégio eleitoral do país –, o senador paulista é ligado ao ex-governador José Serra (PSDB), o que pode facilitar o engajamento dos serristas na campanha de Aécio. Na avaliação dos tucanos, Aloysio é também quem melhor simboliza a aliança política entre São Paulo e Minas Gerais, na chapa já apelidada de “café com leite”, referência ao acordo político que vigorou na Primeira República, entre 1894 e 1930, que tinha como base São Paulo, grande cafeicultor, e Minas Gerais, produtor de leite.

Segundo Aécio, a indicação contou com o aval do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, e de José Serra, cujo papel nesta eleição ainda está indefinido.
“José Serra talvez seja um dos interlocutores mais próximos que tenho hoje. Acordei hoje com um telefonema do Serra para me parabenizar pela escolha, e, até agora, falei pelo menos quatro vezes com ele. Serra terá uma participação extremamente importante na campanha, pela dimensão de homem público que é”, afirmou Aécio, que anunciou ainda a indicação do senador Agripino Maia (DEM-RN) para a coordenação geral da campanha.

“A indicação do senador Aloysio como meu companheiro de chapa é uma homenagem à coerência, matéria-prima essencial à vida pública e, lamentavelmente, em falta hoje no Brasil. A trajetória exemplar de Aloysio durante toda a sua vida, sempre na defesa da democracia, da liberdade, da ética na vida pública, faz com que, a partir de agora, nossa caminhada se fortaleça enormemente”, disse Aécio, durante o anúncio do vice. Segundo ele, o nome de Aloysio foi escolhido não por conveniência da campanha, mas levando em conta “os interesses do Brasil”.

Aloysio agradeceu a indicação, disse ter ficado emocionado, fez uma referência elogiosa a Serra – de quem foi secretário quando ele foi governador e quando esteve à frente da prefeitura de São Paulo –, e garantiu que será um candidato a vice “muito dedicado, leal e correto”. “Eu serei um militante político, representando todos nós, participando da campanha nos estados, ajudando onde puder ajudar, tentando livrar o Aécio das canseiras que a candidatura à Presidência sempre acarreta”, afirmou.

Aécio disse que a escolha da chapa puro-sangue foi natural e que Aloysio não foi indicado vice apenas “pelo PSDB e apenas por ser do PSDB”. “Ele foi indicado vice pelas suas reconhecidas virtudes e porque foi o nome que convergiu”, assegurou.

Longa trajetória

Ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, nos tempos da ilegalidade do PCB, Aloysio Nunes Ferreira participou da Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira contra a ditadura militar, e acabou se exilando no exterior quando soube que haveria um pedido de prisão preventiva contra ele. Na França, graduou-se em Economia Política e fez mestrado em Ciência Política pela Universidade de Paris. De volta ao Brasil, foi deputado estadual e vice-governador de São Paulo pelo PMDB, partido que deixou em 1997 para filiar-se ao PSDB. Foi também deputado federal e ocupou dois ministérios no governo Fernando Henrique Cardoso: Secretaria Geral da Presidência e Justiça, além de secretário nos governos de José Serra no estado de São Paulo e na Prefeitura da capital paulista. Em 2010, foi eleito senador.

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