Principal nome do PSB em Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, se tornou também o maior dissidente do partido. Lacerda convocou nessa segunda-feira entrevista coletiva de imprensa para informar sua “total discordância” em relação à decisão da executiva estadual de ter candidatura própria ao governo do estado e não apoiar Pimenta da Veiga (PSDB). Em nome da “coerência na trajetória política”, Lacerda reforçou que estará junto dos tucanos na disputa pelo Palácio da Liberdade e pediu que a legenda reavalie o lançamento da candidatura de Tarcísio Delgado, ex-prefeito de Juiz de Fora.
De acordo com o calendário eleitoral, terminou nessa segunda-feira o prazo para partidos realizarem convenções destinadas a escolher suas coligações e candidatos. Mas as legendas têm até sábado, às 19h, para apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o registro dos candidatos. “A decisão de candidatura própria desconhece a história política que vem sendo construída pelo nosso partido em aliança com o PSDB”, ressaltou o prefeito, em carta que seria entregue à direção estadual do PSB. Em suas duas candidaturas à Prefeitura de BH, Lacerda recebeu apoio tucano.
O anúncio da insatisfação com a candidatura própria foi feito pelo prefeito na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em companhia de filiados do PSB, como o ex-embaixador Tilden Santiago, e do PSDB, caso do deputado estadual João Leite. Segundo Lacerda, a estratégia enfraquece as bancadas estadual e federal do PSB. “Estou tentando convencer o Alexandre Kalil a manter sua candidatura (a deputado federal)”, disse Lacerda, que considera a aliança melhor para Belo Horizonte e informou sua posição à direção nacional.
Apesar de ser aliado histórico de Aécio Neves, o prefeito, que negou possível rompimento com o PSB, preferiu não comentar as eleições presidenciais e não demonstrou preocupação com uma possível ausência de palanque socialista para Eduardo Campos em Minas, segundo maior colégio eleitoral do Brasil, caso o partido decidisse se coligar com o PSDB de Aécio.
Já a presença de Lacerda no palanque do ex-ministro Pimenta da Veiga depende apenas da Justiça Eleitoral. “Dissidências são naturais”, reforçou. De acordo com a Lei 9.504/1997, que estabelece normas para as eleições, pode participar de programas de rádio e televisão destinados à propaganda eleitoral gratuita de qualquer partido ou coligação, qualquer cidadão não filiado a outra agremiação partidária.
O presidente estadual do PSB em Minas, o deputado federal Júlio Delgado – filho de Tarcísio Delgado e nome inicialmente apontado como candidato ao governo –, disse respeitar a posição de Marcio Lacerda, mas informou que a decisão do partido já está tomada desde quinta-feira. “Vamos ter palanque próprio em 21 estados brasileiros. Não tem a menor condição de fazermos a revalidação de qualquer coisa. Isso foi aprovado na convenção nacional”, disse Delgado. Já Pimenta da Veiga considerou a posição de Lacerda um ato de altivez. “Esta manifestação dá impulso extraordinário ao nosso trabalho. Marcio Lacerda compreende bem como é importante aprofundar nas reformas iniciadas há 12 anos em Minas”, afirmou.
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