Vaccarezza foi chamado para depor como testemunha no processo por quebra de decoro parlamentar contra Vargas. Ele afirmou conhecer Youssef, disse que não sabia que ele era doleiro e refutou as escutas da PF que indicam uma reunião em seu apartamento com Vargas e o doleiro preso. "Eu nunca na minha vida me reuni com Vargas e Youssef para tratar de Labogen, nem de política nem de negócios. O que o André Vargas me disse foi que recebeu um pedido e tinha encaminhado para o Ministério da Saúde, se não me engano. E não tenho certeza se foi o Youssef, acho que não foi", respondeu. "Tenho convicção, a não ser que fatos novos apareceram, que o André não fez lobby pra Labogen.
Na oitiva, Vaccarezza disse que o ex-petista cometeu "um erro gravíssimo" ao aceitar o jatinho de Youssef para viajar com a família. O deputado, no entanto, reclamou da exposição do colega e disse que Vargas não pode ser julgado pelos possíveis crimes cometidos por Youssef. Vaccarezza também lamentou que o escândalo tenha vindo à tona em período eleitoral e criticou o uso político do episódio. "É duro isso".
A defesa de Vargas, liderada pelos advogados Michel Saliba e José Roberto Batocchio, reclamou de "cerceamento" do direito de Vargas se defender e insinuou que o processo pode ser judicializado. "Se isso acontecer será uma atitude protelatória", avaliou o relator do processo, deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Nesta tarde, o Conselho de Ética recebeu cópia do inquérito da PF com 4 mil páginas e os advogados reclamaram que não houve acesso aos dados do relatório cedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Depoimento
O depoimento de Youssef, marcado inicialmente para esta quarta-feira, 2, foi cancelado. Embora seja arrolado como testemunha do relator e do ex-petista, o doleiro preso avisou que ficaria em silêncio durante a oitiva. "O juiz (Sérgio Moro) disse que não tinha condições de autorizar uma logística (de videoconferência) para ele não falar nada", explicou Delgado.
O colegiado voltará a se reunir nesta quarta para ouvir dos depoimentos dos empresários da Labogen Leonardo Meirelles e Esdras Ferreira, de defesa. Como o Conselho de Ética não tem poder de convocação, as testemunhas não são obrigadas à atender ao convite do colegiado.
O relator do processo contra Vargas, que trabalhava com a ideia de votar o relatório antes do início do recesso parlamentar (18 de julho), já admite a possibilidade de votar o relatório só em agosto..