Vila Velha, 02 - A presidente Dilma Rousseff defendeu os negócios da Petrobras, nesta quarta-feira, 2, em Vila Velha, no Espírito Santo, sem se referir à recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que seus gestores devolvam US$ 873 milhões pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Citando um programa americano que incentiva as compras no país, destacou os benefícios da empresa. "O governo faz uma política de conteúdo nacional na área de petróleo que foca na demanda da Petrobras e das outras empresas para assegurar, através do fundo da Marinha Mercante, a construção de sondas e plataformas no Brasil. Aqui serão construídas sete sondas para perfuração de petróleo e a integração de duas plataformas para o pré-sal, que é uma fonte de riqueza para o Brasil." Conforme publicou o jornal O Estado de S. Paulo, pareceres do TCU recomendam a devolução do suposto prejuízo pelos diretores da Petrobras e um deles responsabiliza Dilma, que deu aval ao negócio, por omissão.
Candidata à reeleição, Dilma anunciou obras no Estado ao lado do governador Renato Casagrande (PSB), ex-aliado, que agora se alinha com o candidato do seu partido, Eduardo Campos. Ela disse que vai "recomeçar do zero" a obra de reforma e ampliação do aeroporto de Vitória, embargado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e que já havia sido prometida também por Lula.
Vaias ao prefeito
O prefeito Rodney Rocha Miranda (DEM) foi sonoramente vaiado ao discursar na abertura do evento, ao lado de Dilma, que ficou visivelmente constrangida. "Fora, fora, fora", fazia um coro de pessoas mantido a 40 metros do palco. A vaia levou o prefeito a, nitidamente, abreviar o discurso. Uma das manifestantes, Rosane Cirino, do movimento por moradias, disse que as vaias não eram dirigidas à presidente, mas ao prefeito. "Ele é horrível, a Dilma não devia ter vindo com ele", disse. Os organizadores trataram de desanuviar o ambiente antes de Dilma falar. Durante a entrega das chaves, Dilma posou para fotos com crianças. Uma claque postava à frente do palco entoou "um dois três, é Dilma outra vez". O microfone foi dado à representante do Movimento de Lutas por Moradia (MLM), Maria Clara, que pediu aplausos a Dilma, ao mesmo tempo em que invocava a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque. Numa referência aos protestos, atacou: "Tem gente reclamando de barriga cheia".
O governador Casagrande (PSB), que falou antes de Dilma, cobrou mais investimentos na área social do Estado. "Combate à violência não se faz só com policiamento, mas investindo na área social e gerando oportunidades." Ele lembrou que, no Estado, o Minha Casa, Minha Vida tem parceria com o governo estadual. "Juntamos com o programa do governo do Estado, o Nossa Casa, e aqui entramos com rede de esgoto e infraestrutura."
Um forte esquema de segurança com policiais militares e soldados do Exército foi montado no entorno do núcleo habitacional, no bairro Jabaeté, a 12 km do centro. Apenas as famílias beneficiadas e líderes locais tiveram acesso ao evento, no centro dos blocos de apartamentos. Os prédios de quatro pavimentos foram construídos na periferia de uma área de ocupações conhecida como Terra Vermelha. O núcleo esteve na mira de movimentos de sem-teto, o que levou a construtora a obter uma liminar a interdito proibitório para coibir a invasão - a Justiça fixou multa de R$ 10 mil por dia a eventuais invasores.