Jornal Estado de Minas

Kalil ignora PSB ao anunciar apoio a Pimenta da Veiga

Presidente do Atlético, Alexandre Kalil anuncia que é candidato a deputado federal, mas ignora seu partido e decide apoiar o tucano Pimenta da Veiga para o governo do estado

Juliana Cipriani

"Não estou nem ligando, estou pouco me lixando. Se quiserem me expulsar, que expulsem" - Alexandre Kalil (PSB), presidente do Atlético e candidato a deputado federal - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Considerado o maior puxador de votos da chapa de deputados federais do PSB, o presidente do Atlético Alexandre Kalil recuou da posição assumida na semana passada e anunciou ontem que vai concorrer a uma vaga na Câmara, mas apoiando a candidatura do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga ao governo de Minas. Com sua habitual verborragia, o empresário oficializou sua dissidência dizendo que não precisa do partido para nada e que, se o PSB estiver insatisfeito, pode expulsá-lo. “Não estou nem ligando, estou pouco me lixando. Se quiserem me expulsar, que expulsem”, afirmou. Kalil chamou a imprensa para falar do apoio aos tucanos um dia depois de o prefeito Marcio Lacerda, principal liderança da legenda em Minas, ter feito o mesmo.

A decisão de concorrer a deputado federal foi a pedido de Lacerda. No dia em que o PSB optou por lançar a candidatura do ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado ao governo, Kalil havia dito que não concorreria mais a nenhum cargo e somente subiria no palanque do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB). A notícia praticamente esvaziou as chances de coligação na chapa de deputados.
Depois da conversa com Lacerda, o presidente do Atlético disse ter também se reunido com Pimenta e o vice na chapa, deputado Dinis Pinheiro (PP) – sendo que este último o acompanhou na entrevista coletiva –, e fechou o apoio ao candidato tucano.

A aliança não é extensiva ao candidato do PSDB a presidente, senador Aécio Neves (PSDB), mas Kalil também não apoiará o presidenciável do seu partido, ex-governador Eduardo Campos. Ele disse não ter conversado com nenhum deles e que, por questão de coerência, se definiu somente na disputa estadual. Depois da coletiva, Kalil gravou depoimento sobre Pimenta para a TV do PSDB. O empresário disse que não fará campanha nem para ele nem para Pimenta, mas pedirá votos nas horas vagas do trabalho que continua fazendo como cartola.

O empresário disse que o PSB foi procurá-lo por precisar dele. E desafiou o presidente estadual do PSB, deputado federal Júlio Delgado, dizendo só ouvir quem tem voto no partido. “Líder é quem tem voto e quem tem voto no PSB, ao que me consta, é o prefeito de BH, o resto é votinho. Então eu tenho que escutar o líder maior”, afirmou. Kalil disse ter entrado na legenda com a proposta de se unir à candidatura do PSDB, mas que no dia da reunião da executiva do partido, que deliberou pela candidatura própria, assistiu a um “esfacelamento” do PSB.

A posição do diretório nacional, encampada por Eduardo Campos, de determinar ao estado o lançamento de Tarcísio Delgado para o governo, abriu uma crise generalizada no PSB mineiro. Além de Kalil e Lacerda, a bancada estadual já avisou em documento formalizado à executiva nacional que fará campanha para Pimenta da Veiga.

O coordenador da campanha de Campos e secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, disse que a candidatura de Tarcísio Delgado é irreversível.
“Melhor (os deputados) não se darem ao trabalho, porque isso não vai ocorrer. A candidatura é para valer e não se vai reformar essa decisão”, disse. Siqueira afirmou que só fala sobre eventuais punições depois do início da campanha. “Vamos ver que papel eles vão exercer e depois do dia 6 falamos.” Siqueira disse não estar preocupado com o fato de Kalil ter gravado depoimento sobre Pimenta, pois a legislação eleitoral proíbe a exibição. Em Salvador, Eduardo Campos também disse ontem que o quadro em Minas Gerais já está fechado.

 

.