Brasília - Os documentos entregues pelo governo americano à Comissão Nacional da Verdade mostram que os diplomatas do país tinham conhecimento em detalhes das torturas praticadas durante o regime militar, mas pouco fizeram para evitá-las.
Em abril de 1973, um aerograma enviado pelo Consulado-Geral do Rio de Janeiro ao Departamento de Estado trata do aumento repentino do número de pessoas presas sob acusação de subversão. O então cônsul Clarence Boonstra relata que os agentes brasileiros passaram a usar novos métodos de “extração de informações”.
O relatório revela, ainda, que os presos estavam sendo levados para unidades militares - o que contradiz os recentes documentos das Forças Armadas que concluíram que não houve tortura em suas instalações - e que as ações estavam sendo coordenadas por um grupo específico. O documento, no entanto, teve o nome dos responsáveis apagado. Apesar de ter conhecimento em detalhes do que acontecia nos porões da ditadura, a embaixada americana recomendava "cautela" ao tratar do assunto com o governo brasileiro.