O ex-deputado federal Pedro Corrêa, um dos condenados na Ação Penal 470, abriu mão do benefício do trabalho externo para cuidar do rebanho da Fazenda Nascimento, que faz parte do Centro de Ressocialização de Canhotinho, onde está detido, no agreste de Pernambuco. Autorizado desde a semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a voltar a trabalhar como médico em uma clínica de radiologia, o ex-parlamentar informou ao diretor do centro, Washington Gomes, que prefere continuar as atividades dentro da penitenciária. Corrêa é o responsável pela cocheira da fazenda.
“Não sei se ele vai reconsiderar a decisão, mas, por enquanto, disse que prefere continuar com as atividades aqui”, informou o diretor. Segundo Washington Gomes, o mensaleiro cuida das instalações, da limpeza, da contagem e da vacinação de 123 animais, entre vacas e bois. Segundo o diretor, ele também dá banho no rebanho. A remuneração é de R$ 420 mensais. Na clínica de radiologia, o salário estimado era de R$ 3,1 mil, e ele atuaria como médico das 8h às 15h30 para chegar à unidade prisional às 16h.
Apesar da diferença financeira, o local de trabalho pouco importa para a remissão da pena. Isso significa que, a cada três dias trabalhados, é diminuído um no tempo de prisão. Condenado a sete anos e dois meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Pedro Corrêa está detido desde 27 de dezembro do ano passado. Primeiro, ele foi levado com algemas para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), onde há mais de 2 mil presidiários. Passou o ano-novo no local e, em 8 de janeiro, foi transferido para Canhotinho.
Desde então, o primo dele e advogado Clóvis Corrêa tenta pleitear o benefício para que o ex-deputado trabalhe fora. Em abril, ele conseguiu. Um mês depois, decisão do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou o direito. Na época em que voltou a trabalhar, na mesma clínica particular de radiologia que retornaria na semana passada, uma enxurrada de repórteres e curiosos se amontoavam para vê-lo de perto.