Brasília – No primeiro dia da presidente Dilma Rousseff como candidata, no exercício do cargo, a linha que separa a campanha e o comando do Executivo deu um nó. Logo pela manhã, a página pessoal da presidente no Facebook, administrada pelo PT, anunciou que ela responderia ali a perguntas sobre a Copa do Mundo às 10h. A publicação foi apagada e, quase duas horas depois, a Secretaria de Comunicação do Planalto informou que a presidente conversaria com internautas na página do Palácio do Planalto. Especialistas dizem que o bate-papo institucional em si não caracteriza uso da máquina pública em promoção pessoal, mas também ressaltam que não há uma regra clara sobre o assunto.
No bate-papo, Dilma falou sobre vários aspectos do evento, considerou que o gol mais bonito da Seleção foi o do zagueiro David Luiz e que há um pessimismo que ronda a economia. Confirmou que entregará a taça no domingo, torce para que seja para o Brasil e que as vaias “são ossos do ofício”. Ela também postou uma foto fazendo um “T” com os braços, de “é tois” – uma variação de “é nóis”, em referência a cumprimento adotado pelo jogador Neymar.
Ela voltou a atacar os críticos à organização dos jogos. "Belezura mesmo (essa Copa). Azar dos urubus", disparou Dilma que sinalizou a possibilidade de o país sediar um novo campeonato "na próxima década". A forma de comunicação pela internet, já usada pela presidente, foi anunciada no domingo no vídeo de lançamento do site da campanha, como uma aposta para estreitar o diálogo com os eleitores.
Segundo o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-SP, Alberto Rollo, o máximo que a presidente pode fazer é dar notícia. “Em alguns casos, a linha é tênue e difícil de dizer em caráter definitivo se ela deu informação ou fez promoção pessoal”, argumenta. Na avaliação da advogada especialista em direito eleitoral Maria Cláudia Bucchianeri, em princípio, o que a presidente fez foi um ato de governo. A Advocacia-Geral da União ressaltou, em nota, que a manifestação da presidente no página do Palácio do Planalto foi de natureza institucional. “Ela falou apenas sobre Copa do Mundo, sem nenhuma conotação político eleitoral”, pontuou.
Líder do PSDB na Câmara, o deputado Antônio Imbassahy (BA) considera a conversa com internautas sobre o evento como uma maneira de tentar se promover e se alavancar nas pesquisas, aliando a imagem dela à Copa. “Ela opera a máquina governamental e usará todos os instrumentos à disposição para segurar a queda nas pesquisas. Esse é mais um exemplo disso”, critica.