Nenhuma testemunha compareceu nesta tarde à sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para a oitiva referente aos processos por quebra de decoro parlamentar dos deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA). Enquanto a defesa tenta ganhar tempo, o Conselho de Ética trabalha agora para dar andamento aos processos nas próximas semanas, já que ainda não há perspectiva de recesso parlamentar.
O advogado de Vargas, Michel Saliba, apresentará nesta quinta-feira, 10, uma nova lista com testemunhas de defesa disponíveis para prestar depoimento ao Conselho e disse que não abre mão de pelo menos duas, entre elas o doleiro Alberto Youssef. Preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, o doleiro é apontado como pivô dos dois casos, uma vez que escutas policiais mostraram a proximidade dele com os dois parlamentares.
O defensor de Vargas voltou a reclamar da celeridade do processo e disse que 40 dias úteis para a conclusão do processo é curto. "Esse prazo de 40 dias úteis é para inglês ver. Isso não é possível, não é razoável", protestou. Ele lembrou que o processo contra o deputado Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), que acabou sendo suspenso por sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira, levou dois anos para ser votado em plenário. Saliba não descarta a possibilidade, dependendo do andamento do processo, de recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, em último caso, ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Não pensamos em judicializar. Ainda não", declarou.
O relator do processo contra o ex-petista André Vargas reafirmou o desejo de finalizar seu parecer até 29 de julho e, caso haja recesso, em agosto. "Vamos cumprir todos os prazos e vamos ser rigorosos quanto às oitivas e ao prazo de 40 dias", avisou. O processo contra Vargas começou em 9 de abril, o deputado foi notificado em meados de maio e só no final daquele mês a defesa escrita do parlamentar foi protocolada no Conselho de Ética.
Enquanto o caso de Vargas pode ter um desfecho antes do período eleitoral, seu colega Argôlo tem um prazo mais confortável para se defender no colegiado. O deputado do Solidariedade foi notificado do segundo processo contra ele no dia 2 e tem até o dia 16 deste mês para apresentar a defesa escrita. O prazo de 40 dias úteis só passarão a correr a partir da entrega do documento.
Vargas não pode concorrer nas eleições por estar sem legenda. Argôlo disputará a mais um mandato de deputado federal pelo SDD no próximo pleito. "Não teve julgamento ainda", justificou o presidente da sigla, deputado Paulo Pereira da Silva (SP).