Jornal Estado de Minas

Em quatro anos, maioria dos deputados federais consegue aumentar patrimônio

Com poucas exceções, parlamentares declararam valores maiores do que tinham na última eleição. Um deles, que declarou possuir bens no valor de R$ 46 mil em 2010, tem agora R$ 1,4 milhão

Isabella Souto
"O que eu declarei são dívidas. Eles (mulher e filhos) vão me devolver o dinheiro para eu pagar. Já fui fiscalizado pela Receita e não existe nada de ilegal nas minhas contas" - João Magalhães (PMDB), deputado federal, sobre a sua declaração de bens à Justiça Eleitoral - Foto: Brizza Cavalcante/Agência Câmara -24/11/10
Quatro anos depois de eleitos para a Câmara dos Deputados, a grande maioria dos parlamentares mineiros não pode se queixar dos indicadores econômicos do período – pelo menos no que diz respeito ao próprio bolso. Com apenas oito exceções, o patrimônio declarado por aqueles que vão disputar as eleições de outubro é maior que o informado em 2010. Sete deputados conseguiram juntar o primeiro milhão, enquanto outros nove puderam comemorar o aumento de mais de R$ 1 milhão em um patrimônio que já era invejável.

O caso que mais chama a atenção é o do deputado federal João Magalhães (PDMB). Depois de cinco mandatos consecutivos em Brasília, este ano ele disputará uma cadeira na Assembleia Legislativa com um patrimônio 30 vezes maior que aquele acumulado há quatro anos. Se em 2010 o peemedebista declarou ter pouco mais de R$ 46 mil em lotes, terrenos, aplicações financeiras e até dinheiro vivo, este ano os bens deles somaram R$ 1.456.995,17 – em lotes, imóveis, créditos e empréstimos concedidos e cotas de capital em firmas.

João Magalhães nega que tenha ficado “rico”. Segundo ele, do total, R$ 1,182 milhão referem-se a empréstimos que ele contraiu em bancos e com terceiros para a mulher e os filhos abrirem uma empresa.
“O que eu declarei são dívidas. Eles (mulher e filhos) vão me devolver o dinheiro para eu pagar. Já fui fiscalizado pela Receita Federal recentemente e não existe nada de ilegal nas minhas contas”, argumentou o peemedebista.

O colega de partido Leonardo Quintão já tinha um patrimônio razoável, mas conseguiu aumentá-lo em sete vezes, saltando de   R$ 2,6 milhões para R$ 17,8 milhões em quatro anos. Só uma casa em condomínio em Nova Lima foi declarada pelo parlamentar por R$ 10 milhões. Há outros  R$ 2,6 milhões em espécie e outros R$ 3,7 milhões de contrato de investimento em empresa de consultoria. De acordo com o peemedebista, o acréscimo no patrimônio se deve à herança recebida da mãe e à venda de cotas de participação em empresa da família.

A julgar pelo atual grupo de deputados federais mineiros – em que quase todos são candidatos à reeleição –, Leonardo Quintão pode se tornar um dos mais ricos do grupo. Até porque, o primeiro da lista não vai disputar a reeleição: Lael Varella (DEM), dono de R$ 20,3 milhões em aplicações financeiras, imóveis e participação societária em empresas será o segundo suplente de senador na chapa encabeçada pelo ex-governador Antonio Anastasia (PSDB). Em quatro anos, Varella dobrou seu patrimônio.

Outros que tiveram façanha semelhante foram Eros Biondini (PTB) e Luís Tibé (PTdoB). O primeiro, que também é cantor, teve um salto de R$ 482,1 mil para         R$ 1,05 milhão, referentes a dois imóveis, dois veículos e a participação em uma empresa de produções artísticas. Já Tibé passou de    R$ 406 mil para R$ 1,1 milhão.
Esse total representa imóveis, cotas em empresa e R$ 185 mil em espécie. “Mas isso não significa dinheiro em casa. Está espalhado em imóveis, empresas”, afirmou ele. Sobre o crescimento patrimonial, o deputado disse que se deve ao financiamento de um imóvel adquirido em Nova Lima, por R$ 444,6 mil.

Entre os poucos que perderam dinheiro durante o mandato está Carlos Melles (DEM). Em 2010, ele declarou 55 bens, entre imóveis, terrenos, veículos, investimentos e operações bancárias, avaliados em R$ 2,45 milhões. Agora, a lista caiu para 23 ítens, desta vez totalizando R$ 1,46 milhão. O rombo nas contas de Aelton Freitas (PR) foi ainda maior: o patrimônio dele caiu de R$ 5,4 milhões para R$ 1,99 milhão. Os deputados não foram encontrados pela reportagem para comentar o assunto. .