De acordo com Alexandre Carvalho, gerente de projetos de uma empresa responsável por criar a ferramenta de doação virtual, o número de interessados em usar esse tipo de plataforma cresceu exponencialmente desde 2010. “Foi de 10 para 130. A procura nos surpreendeu. Acho que o assunto ainda era um tabu nas eleições passadas, mas os candidatos viram que deu certo”, diz.
Carvalho acredita que muitos candidatos tenham optado pelo sistema por causa da facilidade. De acordo com ele, o formulário é incluído no site do político, e o eleitor escolhe o quanto quer doar. “O candidato homologa as doações que ele puder receber, respeitando a legislação eleitoral, e o valor é debitado do cartão de crédito do doador. Depois, o próprio sistema gera uma lista para prestação de contas”, explica.
Líder da minoria na Câmara, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) acredita que a ferramenta vai encorpar o caixa dos candidatos brasileiros este ano. “Seria bacana se pudéssemos usar com facilidade a agilidade da internet para envolver os eleitores”, diz. Candidato à reeleição na Câmara, o deputado, entretanto, ainda não decidiu se usará o mecanismo este ano.
Entraves O deputado Alessandro Molon (PT-RJ), que relatou o texto do Marco Civil da Internet, explica que, por mais que a rede possa facilitar o financiamento da campanha, nem sempre vale a pena utilizar o recurso. “Pelas contas que eu fiz na eleição passada, não valia a pena”, conta.
Um dos problemas, segundo ele, é a burocracia, que atrapalha o sistema de doação por depósito bancário. “A legislação obriga a prestar conta de quem doou. É preciso ter todos os dados. Se alguém faz um depósito e eu não consigo dizer de onde veio o dinheiro, em vez de o recurso me ajudar, ele me complica”, justifica. A sugestão do deputado é que os bancos disponibilizem um instrumento capaz de baratear esse tipo de doação. “Seria um bom negócio para eles e para os candidatos”, diz.