O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu ontem que o ex-governador José Roberto Arruda (PR) não dispute a eleição para governador do Distrito Federal. Arruda, que renunciou ao cargo em 2009, meses antes da aprovação da Lei da Ficha Limpa, foi condenado neste mês em órgão colegiado do Judiciário por envolvimento no chamado mensalão do DEM, partido ao qual era filiado na época do escândalo.
O Ministério Público Eleitoral já pediu a impugnação de Arruda com base na Ficha Limpa. Se a candidatura for mantida e o ex-governador vencer a disputa de outubro, Janot afirmou que a Procuradoria vai recorrer para tentar impedir a diplomação.
“Na minha opinião é causa de impugnação, sim. Tem ampliação da Lei da Ficha Limpa agora. E, se por acaso, essa tese jurídica não for vitoriosa na Justiça Eleitoral, o que eu confio que será, vamos para a segunda etapa”, afirmou Janot.
Ao entrar com a impugnação de Arruda, o procurador regional eleitoral do Distrito Federal, Elton Ghersel, argumentou que o ex-governador deve ser considerado inelegível por ter sido condenado pelo Tribunal de Justiça em decisão colegiada. A decisão da corte ocorreu no dia 9, quatro dias após o prazo para políticos registrarem suas candidaturas.
De acordo com a Justiça Eleitoral, as condenações por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito são as causas de inelegibilidade do candidato. Como a condenação veio após o registro da candidatura, Arruda se diz “ficha-limpa” e alega preencher os requisitos legais para concorrer a um novo mandato como governador do Distrito Federal.
Operação Lava Jato
Durante um café da manhã com os jornalistas, Janot afirmou que o esquema de lavagem de dinheiro investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, envolve vários “destinos e destinatários”, e teria movimentado uma quantia de recursos que ele nunca viu na vida.
A operação prendeu o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, além de levar o deputado paranaense André Vargas, ex-vice-presidente da Câmara, a ser forçado a deixar o posto e o PT, partido ao qual era filiado.
“O que eu posso dizer é que é um esquema enorme de lavagem de dinheiro. E esse dinheiro era utilizado em mais de uma utilidade. Então tem campanha, corrupção, enfim. São vários os destinatários e destinos dessas importâncias”, afirmou o procurador-geral. Questionado se o montante ultrapassaria as primeiras estimativas da PF, de desvios da ordem de R$ 10 bilhões, Janot afirmou: “Está difícil fazer uma estimativa ainda, mas é muito dinheiro. Nunca vi tanto dinheiro na minha vida”.