São Paulo - O comitê da reeleição decidiu blindar a presidente Dilma Rousseff da campanha de rua nessa largada da disputa. Com a popularidade em baixa, Dilma participará mais de eventos fechados e de meia dúzia de comícios, mas seu primeiro compromisso de campanha será com sindicalistas, em São Paulo. Para "vender" a imagem da presidente que está "ao lado do povo", Dilma vai vestir o figurino de candidata na plenária da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no próximo dia 31, organizada sob medida para enaltecer os feitos do governo.
Irritada com a rede de intrigas e o fogo "amigo" que tomaram conta do núcleo de sua campanha, Dilma pediu ao presidente do PT, Rui Falcão, que acalme o partido e abafe as divergências na equipe. A ordem é investir na divulgação de números positivos do governo e polarizar cada vez mais a disputa com Aécio.
Na eleição de 2010, a então candidata do PT teve apoio quase unânime de todas as centrais. Nos últimos tempos, porém, a presidente se distanciou dos movimentos sociais e enfrentou protestos. O temor do comitê da reeleição é que Aécio e o candidato do PSB, Eduardo Campos, ganhem espaço nesse terreno, que tradicionalmente sempre foi fiel ao PT.
Queda de braço
Coordenador da campanha, Falcão procurou amenizar, na última segunda-feira, 14 , a queda de braço no comitê da reeleição, que já preocupa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há tensão e mal estar no Palácio do Planalto e no comitê com o jornalista Franklin Martins, ex-ministro da Comunicação de Lula e responsável pelo monitoramento das redes sociais na equipe de Dilma. Motivo: o site "Muda Mais", sob a responsabilidade de Franklin, publicou no dia 9 um post com fortes críticas ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin.
Dilma não gostou e o comitê foi alvo de rumores de que Franklin -- em rota de colisão com o marqueteiro João Santana -- entregaria o cargo, o que não ocorreu. Na prática, Franklin e Santana têm várias discordâncias sobre como conduzir a comunicação da campanha.
"Houve uma divergência momentânea, totalmente superada", afirmou Falcão. "Ter ideias diferentes faz parte de qualquer campanha. Isso não significa crise. Temos todos uma relação de respeito, sem estresse". O presidente do PT negou que, a partir de agora, as publicações do site "Muda Mais" tenham de passar pelo seu crivo ou pela análise de Dilma. "O Muda Mais não tem autocensura nem é controlado pelo PT", insistiu Falcão.